São Paulo, sexta-feira, 8 de setembro de 1995 |
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Desaparecidos melhoram imagem no exterior
EMANUEL NERI
Trata-se de uma espécie de marketing internacional de seu governo. FHC acredita que o projeto e outras iniciativas ligadas aos direitos humanos são pontos positivos de sua administração. Marketing é uma estratégia para se vender bem um produto ou imagem. A opinião pública de países como Bélgica e Alemanha, que serão visitados pelo presidente, é sensível aos direitos humanos. FHC também quer usar o pretexto da viagem à Europa para aprovar imediatamente o projeto, evitando emendas que ele considera indesejáveis. Na avaliação do governo, a pressa na votação impedirá a aprovação de emendas. Os familiares de mortos e desaparecidos querem aprovar emendas estendendo a indenização a todas as 369 vítimas do regime militar (1964-1985) e determinando a apuração das circunstâncias em que as mortes ocorreram. O presidente manifestou a seus líderes que deseja ver pelo menos parte do projeto votado antes de sua viagem, no próximo dia 12. Na segunda, deve ser apreciado o pedido de urgência urgentíssima. O projeto será votado em seguida. Responsável pelo projeto, o ministro da Justiça, Nelson Jobim, conversou esta semana com o deputado Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), líder do governo na Câmara. Pediu rapidez na votação. FHC já comunicou que não aceitará emendas ao projeto. Segundo Nelson Jobim, o presidente vetará qualquer emenda, especialmente as que determinarem apuração das circunstâncias das mortes. Mas a Comissão de Direitos Humanos da Câmara insistirá na aprovação de emendas dos familiares. Seu presidente, Nilmário Miranda (PT-MG), entregou cópias das propostas a FHC. A entrega ocorreu anteontem, durante solenidade de lançamento de comissão que vai investigar o trabalho escravo no Brasil. "As emendas são equilibradas e justas", afirmou o deputado. "Você sabe que temos que examinar nossos limites", disse FHC, segundo Nilmário. Para os familiares de desaparecidos, há um acordo entre FHC e militares para não ampliar os limites do projeto. Suzana Lisboa, da comissão de familiares, critica o fato de FHC querer apresentar seu projeto como um dos fatos mais importantes de seu governo. "Reconhecemos que houve avanço. Mas o projeto foi feito pela metade", diz. Para Suzana, não é positivo para a imagem do Brasil no exterior o fato de o governo de FHC impedir que se investiguem as mortes. Texto Anterior: COMO FORAM AS CHACINAS Próximo Texto: Empresários vão financiar prêmio Índice |
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