São Paulo, sexta-feira, 8 de setembro de 1995
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Ex-oposição a militares assume o palanque

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O desfile militar de Sete de Setembro reuniu ontem na tribuna presidencial três personagens da oposição ao regime militar (1964-1985): Fernando Henrique Cardoso, Cristovam Buarque (governador petista do Distrito Federal) e Sepúlveda Pertence (presidente do Supremo Tribunal Federal).
FHC e Cristovam se auto-exilaram durante o período de governos das Forças Armadas e Pertence teve seus direitos políticos cassados pelo Ato Institucional nº 5, em 1969. O fato foi lembrado de maneira bem-humorada pelo próprio presidente do STF.
Pertence provocou risadas de FHC e do governador do DF ao comentar que, ironicamente, o destino reuniu os antigos opositores do regime militar para assistir, da tribuna de honra, anos depois, ao desfile no QG do Exército.
Em tom de brincadeira, Pertence provocou Cristovam no palanque. Ele disse estar surpreso com a demonstração de força do petista na parada militar. "A tropa de choque da Polícia Militar de Brasília se destacou muito", disse o presidente do Supremo.
O deputado João Henrique (PMDB-PI), que estava na tribuna representando o Legislativo, quase passou despercebido pelas autoridades. Ele encarou com bom humor a indiferença do presidente e dos 12 ministros.
"Eu posso até ter representado mal, mas fui como representante da Câmara dos Deputados", disse o parlamentar, que se identificou ao cerimonial da Presidência da República com um fax assinado pelo presidente da Casa, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
O próprio FHC tentou explicar as ausências de Luís Eduardo e do presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP)."Na Semana da Pátria, o pessoal entra em pequeno recesso", disse.
"Estive ontem com o Luís Eduardo, e ele me disse que ia viajar aos EUA, e Sarney teve de viajar para o Maranhão porque a mãe, dona Kiola, está doente. Ele vem me visitar no domingo", afirmou.
A presença do representante oficial do Congresso na cerimônia só foi descoberta horas depois.
"Provavelmente ninguém ficou em Brasília", disse o ministro José Serra (Planejamento). "Eu não reparei quem veio em nome do Congresso", afirmou Francisco Weffort, ministro da Cultura.

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