São Paulo, sexta-feira, 8 de setembro de 1995
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Harry Connick Jr. troca jazz por Funk

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

Quem for à apresentação no Free Jazz Festival do cantor e pianista norte-americano Harry Connick Jr. esperando ouvir o som das Big Bands que o fizeram famoso vai sair decepcionado.
Em entrevista concedida à Folha, Connick disse que só vai tocar funk."Imagino que muito pouca gente no Brasil saiba quem eu sou porque minhas músicas não tocam nas rádios. Espero que gostem do que vou fazer."
O próximo Free Jazz Festival acontece a partir do dia 17 do mês que vem e Connick Jr. toca em São Paulo, no dia 20 de outubro, e no Rio, dia 21.
Os ingressos para sua apresentação (que divide a noite com Leroy Jones e Rebirth Bass Band) podem ser adquiridos em São Paulo no Palace (al. dos Jamaris, 213, tel. 011/531-4900). Os preços São R$ 80 e R$ 100.
No Rio, os ingressos dessa apresentação custam R$ 20 e R$ 60 e podem ser adquiridos no Metropolitan (av. Ayrton Senna, 3.000, tel. 021/385-0515, Barra da Tijuca).
Connick vai se apresentar com a mesma banda que toca há cinco anos: Johnathan Dubous Jr. (guitarra), Lucian Baldwin (percussão), Raymond Roberts (bateria) e Tony Hall (baixo). Todos são de Nova Orleans (Lousiana, Sul dos EUA), como o próprio Connick Jr.
"Espero que público fique para meu show depois de ver Jones. Os brasileiros vão ficar bastante impressionados. Ele é o máximo."
Leia a seguir os principais trechos da entrevista de Connick Jr.
Folha - É a primeira vez que você vai ao Brasil?
Harry Connick Jr. - Estou estreando na América do Sul. Já toquei na Ásia, Austrália, Europa, além de todos os EUA. Mas nunca fui ao Brasil. Eu adoro música brasileira. Pelo que ouvi e pelos brasileiros que conheço acho, que o Brasil deve ser muito parecido com Nova Orleans.
Folha - Como vai ser sua apresentação no Free Jazz?
Connick Jr. - Só vou tocar funk. A música que vou tocar no Free Jazz é para dançar. Será uma grande festa. Ainda não sei exatamente qual será o repertório porque todos meus shows são improvisados. Depende de cada platéia.
Folha - O quanto ter crescido em Nova Orleans influenciou sua música?
Connick Jr. - Tudo o que faço e o que sou vem de lá. A maneira como eu falo, como eu me visto.
Folha - Como o público reagiu a mudança do jazz para o funk?
Connick Jr. - No início, a própria gravadora estranhou. Nos primeiros shows, o público ficou meio decepcionado porque eles estavam esperando jazz e a gente chegou tocando funk alto.
As pessoas não sabiam que eu havia mudado. Mas agora estou com um novo público, maior ainda do que o anterior.
Folha - Como você é recebido quando toca em Nova Orleans?
Connick Jr. - A pior platéia para mim é a de casa. Porque para eles nada do que eu faço é novidade. Eu toco desde os 11 anos, as pessoas já se acostumaram. É o público que me dá mais trabalho. Não sou atraente para eles.
Folha - Por que você diz que sua música não toca nas rádios?
Connick Jr. - Porque sou conhecido como músico de jazz. E jazz e rádio não se misturam. Os diretores de programação vão aos meus shows, são meus amigos, mas não tocam minhas músicas porque não é o que as pessoas querem ouvir nas rádios.
Folha - Você ainda é comparado a Frank Sinatra?
Connick Jr. - Só a imprensa continua lembrando isso. Quando iniciei a carreira, foi ótimo a comparação. Temos o mesmo estilo, cantamos o mesmo tipo de música, somos brancos de olhos azuis, mas é só. Eu não sou nem metade do cantor que ele é. Quem realmente entende de música nunca compararia nós dois.
Folha - E a carreira de ator?
Connick Jr. - No mês que vem será lançado nos EUA meu quarto filme, "CopyCat", com Sigourney Weaver. Eu faço um psicopata que ajuda a polícia a desvendar crimes. Em 96, sai o quinto: "Independence Day", sobre uma nave alienígena que chega aos EUA em 4 de Julho (Dia da Independência dos Estados Unidos).
Folha - É difícil conciliar as duas carreiras?
Connick Jr. - Não, dá tempo de fazer tudo. Filmar é diversão para mim. É como me preparar para uma festa a fantasia -é só fingir que é uma outra pessoa. E os filmes terminam ajudando a me promover como músico.
Fui fazer turnê na Ásia e descobri que era conhecido não por causa dos meus quase 20 anos de música, mas por causa de "Memphis Belle", primeiro filme que fiz. O cinema me torna mais acessível.

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