São Paulo, sábado, 9 de setembro de 1995
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Vulcão causou extinção em massa, diz estudo

DA REDAÇÃO

Cientistas norte-americanos sugerem que uma enorme erupção vulcânica, que teria durado cerca de 1 milhão de anos, tenha destruído quase toda a vida na Terra há 250 milhões de anos.
Publicado na revista científica "Science" desta semana, o estudo afirma que a erupção pode ter eliminado na atmosfera de 2 milhões a 3 milhões de quilômetros cúbicos de material vulcânico, na passagem do período conhecido como Permiano para o Triássico.
Essas particulas teriam provocado um longo período de chuva ácida e um resfriamento global da Terra, levando à extinção em massa de espécies no período.
A quantidade de carbono que se oxidou e a velocidade do fluxo de estrôncio aos oceanos estão de acordo com o resfriamento global e com a chuva ácida nessa época, segundo os pesquisadores.
Eles afirmam que se tratou de um desastre ecológico de proporções mais devastadoras que a suposta queda de um meteoro há 65 milhões de anos, que teria provocado, entre outras coisas, a extinção dos dinossauros.
Segundo os pesquisadores, liderados por Paul Renne, do Centro de Geocronologia da Universidade de Berkeley (EUA), 90% das espécies marinhas e 70% dos vertebrados terrestres foram extintos em decorrência desses fatores.
Eles explicam que as circunstâncias globais ligadas à extinção ainda não são completamente compreendidas.
Outros pesquisadores já haviam inferido ligação entre erupções vulcânicas e extinção em massa de espécies no período.
Isso porque há semelhanças entre as ocorrências de grande movimento vulcânico e as duas principais extinções em massa conhecidas (a da passagem do Permiano para o Triássico e a da do Cretáceo para o Terciário, quando desapareceram os dinossauros).
Os cientistas dizem, entretanto, que suas conclusões são o primeiro indício de uma data mais precisa para o acontecimento.
Os cientistas também sugeriram que o nível dos oceanos era cerca de cem metros mais baixo que o atual. O restante da água ficava "presa nos glaciares das regiões mais próximas dos pólos.
Como o vulcão se localizava na região da atual Sibéria (norte e leste da Rússia), sua lava provocou o derretimento de geleiras em uma área de dezenas de milhares de quilômetros quadrados.
Segundo os pesquisadores, essas geleiras derretidas se transformaram progressivamente em nuvens carregadas de produtos químicos, que depois se precipitaram em violentas tempestades ácidas.
Eles afirmam ainda que a erupção representa o maior derramamento de material vulcânico sobre um continente na história terrestre.
Os pesquisadores usaram uma técnica baseada na análise molecular do elemento químico argônio presente no solo, para identificar sua idade. Com isso, puderam identificar com precisão o espaço de tempo entre a erupção e a extinção e sugerir que a segunda foi consequência da primeira.

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