São Paulo, domingo, 10 de setembro de 1995 |
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Presidente fala a audiência de US$ 1 trilhão
CLÓVIS ROSSI
Dauster é o representante do Brasil junto à União Européia, o conglomerado de 15 países que tem como capital Bruxelas, também capital da Bélgica. O encontro com empresários organizado pelo Citibank reunirá de 20 a 30 presidentes e principais executivos de grandes companhias que ou têm investimentos no Brasil ou pretendem tê-los em breve. Menos de 48 horas depois, em Frankfurt, capital econômica da Alemanha, o FHC estará de novo diante de uma audiência empresarial de primeira linha, em seminário promovido pelo Deutsche Bank sobre privatização. Tanto em Frankfurt como em Bruges, a essência da fala de FHC será a de "mostrar que temos um rumo no Brasil", diz o presidente. Ele vai utilizar o recentemente anunciado Plano Plurianual para deixar claro aos investidores "qual é a delimitação da atuação do governo". Talvez seja necessário. "De forma geral, as grandes empresas européias tiveram pouca participação na privatização (no Brasil)", escreve Dirk Messner, diretor-científico do Instituto para o Desenvolvimento e a Paz, de Duisburg, Alemanha. Mas a visita à Bélgica carrega também no simbolismo. O embaixador Dauster lembra que FHC será o primeiro chefe de governo brasileiro a visitar a sede da União Européia, embora o Tratado de Roma -que lançou os pilares da unificação da Europa- já tenha 38 anos de vida. "O Brasil não poderia ter uma inserção internacional completa sem uma parceria maior com a União Européia", diz Dauster. Não que a parceria, hoje, seja insignificante, ao menos vista pelo ângulo brasileiro. Os 12 países que até dia 1º de janeiro último compunham a UE (este ano entraram Suécia, Áustria e Finlândia) respondiam por 33,6% do total de investimentos estrangeiros no Brasil até 31 de dezembro de 1993, o dado mais recente disponível. Além disso, a UE tem sido a destinatária do maior naco das exportações brasileiras. Em 1994, por exemplo, absorveu 27,12% delas contra 20,24% dos EUA. O problema é que essa participação está caindo em vez de aumentar. Em 1970, 40,89% das exportações brasileiras seguiam para os países europeus. Sensível a esse cenário e, acima de tudo, às perspectivas abertas pela crescente consolidação do Mercosul, a UE reagiu a partir do ano passado. Um documento estratégico aprovado por suas várias instâncias dirigentes diz: "O Mercosul aparece como um novo pólo de crescimento em escala mundial e, para a Europa, como região estratégica-chave." É claro que, quando se fala em Mercosul, o Brasil salta na frente, pelo tamanho de sua economia. Natural, portanto, que os responsáveis por US$ 1 trilhão se animem a investir o último sábado de verão europeu para ouvir o presidente de um país ainda periférico no mundo. Texto Anterior: FHC vai à Europa em busca de alternativas Próximo Texto: Alemanha quer associações para Leste europeu Índice |
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