São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995
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BC faz sobrar dinheiro no mercado e juros caem

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O governo injetou ontem R$ 4,5 bilhões na economia. O Banco Central vendeu R$ 3,8 bilhões em títulos públicos e comprou R$ 8,3 bilhões de papéis que estavam no mercado financeiro.
Por conta disso, o presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), Maurício Schulman, afirma que os juros vão cair ainda mais.
Para ele, o correntista deve procurar aplicar o mais rápido possível seus recursos nos bancos, antes que os juros caiam mais. Quem tem algum projeto deve aguardar mais um pouco antes de tomar dinheiro emprestado.
A queda nos juros já está provocando redução na inadimplência (atraso de pagamentos) entre os clientes dos bancos. Segundo Schulman, em alguns bancos houve queda de 8% para 5% nos atrasos de pagamentos.
Esses R$ 4,5 bilhões que estão sobrando no mercado financeiro estão concentrados em alguns grandes bancos.
O problema se agravou com a intervenção do Banco Central no Banco Econômico, quando os correntistas procuraram aplicar o dinheiro em instituições que consideravam "mais seguras".
A Febraban está fazendo algumas sugestões ao governo para que o dinheiro flua melhor pelo sistema financeiro.
Schulman diz que a Febraban está sugerindo o "fim da zeragem automática". Até agora, o Banco Central oferece, ao final do dia, títulos públicos aos bancos que estão com dinheiro em caixa. Isso faz com que os bancos fiquem "zerados" (com nada) em sua conta no final do dia, pois o dinheiro "dorme" rendendo juros.
O que a Febraban quer é que o Banco Central deixe de "zerar" a todo final de dia o caixa das instituições financeiras. Isso faria com que os grandes bancos com dinheiro no caixa procurassem emprestar para outras instituições.
Outra sugestão da Febraban para que o dinheiro se espalhe melhor pelo sistema financeiro é a eliminação da cobrança do PIS (Programa de Integração Social) em operações entre os bancos.
Schulman acredita que o dinheiro fluirá melhor no sistema bancário com a regulamentação do seguro de depósito.
Esse seguro garantirá ao correntista ou detentor de poupança o pagamento até R$ 12 mil, no caso de quebra de banco. O presidente da Febraban espera que o seguro, chamado de Fundo de Garantia de Créditos (FGC), opere em 30 dias.

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sobre os juros na pág. 4

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