São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995
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Por medo do antidoping, Flamengo veta Romário

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

A ingestão de uma substância considerada doping no esporte vai impedir o jogador de futebol Romário de participar do jogo de sua equipe, o Flamengo, hoje contra o clube argentino Vélez Sarsfield, em Buenos Aires.
Romário deixou ontem às 10h26 o Hospital dos Servidores do Estado (HSE, na região central do Rio), onde foi internado anteontem após desmaiar durante treino do Flamengo.
O chefe do departamento médico do clube, Giuseppe Taranto, afirmou que Romário recebeu injeção com medicamento que contém corticóide, antiinflamatório utilizado para combater um possível edema cerebral.
"Depois de consumir medicamento com corticóide, só se pode jogar passadas 72 horas porque ele melhora o desempenho atlético", disse Taranto.
"Amanhã (hoje) estarei 100%, mas o medicamento me impedirá de jogar", afirmou Romário.
O exame antidoping é feito com amostra de urina colhida após o jogo. Quando se constata presença de substância proibida, o jogador é suspenso e o clube pode perder pontos.
Romário anunciou que retorna ao time domingo, contra o Juventude, em Caxias do Sul (RS). Disse que não viajará hoje para assistir ao jogo na Argentina, mas pode mudar de idéia.
É a estréia do Flamengo no torneio Supercopa dos Campeões da Libertadores. Se não viajar, o atacante será jurado, à noite, no concurso "Gata do Motociclismo", no Rio.
Romário disse que ainda sente dores na altura do peito e na coluna. "Tenho um pouco de dificuldade para respirar".
À tarde passaria a usar um colar cervical, aparelho que cerca o pescoço para imobilizá-lo, diminuindo as dores na coluna.
Acompanhado de sua namorada, a ex-paquita Ana Paula, Romário dormiu na suíte presidencial do HSE, que integra a rede pública federal. Antes de sair, visitou crianças internadas no hospital.
Na saída, cerca de dez pessoas, na calçada, xingaram o jogador com palavrões e o chamaram de "cheirador de pó".
Romário foi para seu apartamento, na Barra da Tijuca (zona sul). Saiu para almoçar na casa da namorada, em um condomínio próximo.
Pacientes do hospital reclamaram do tratamento privilegiado que Romário recebeu.
"Eu não fiz exame de sangue porque não havia aparelho", disse a aposentada Teresinha Batista, 65, que ganha dois salários mínimos mensalmente. "Ele precisava vir aqui? Não podia ir a uma clínica particular?"
Segundo a direção do hospital, Romário ficou na suíte presidencial porque é "uma personalidade".

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