São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995
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Mamão na Cantareira

CARLOS SARLI

Pra baixo, todo santo ajuda. Levar a sério essa máxima pode representar sérios riscos.
Botar para baixo no jargão do surfe significa descer as maiores nos momentos/lugares mais críticos. Um pequeno vacilo pode representar um beijo mal dado no fundo de coral.
Se o santo ajudasse mesmo, partir logo para a pista preta em uma estação de esqui seria mamão.
Mas os inexperientes mais arrojados já aprenderam que isso, no mínimo, vai acabar em um bocado de hematomas.
Passei o último feriadão em São Paulo. Tinha trabalho na sexta-feira e, mesmo que não tivesse, não estava muito a fim de ficar driblando o crowd.
O mar de meio metro na quinta-feira também contribuiu na decisão. Já minha mulher, na batida de sol e praia, foi embicando a cada manhã ensolarada que acordávamos na rua Pernambuco.
No sábado à tarde, depois de uma caminhada muda pelo bairro com destino à videolocadora, onde, mal-humorados, não escolhemos nada, resolvi ligar para um amigo que mora na Cantareira.
Por volta das 11h do domingo, estávamos acordando o Hector e a Ana na serra.
Após conferirmos os macacos, o pica-pau e checar o ninho do esquilo, fomos preparar as bikes para uma trilha.
A Juliana foi tomar sol. Eu, Hector e seu cunhado fomos para a trilha. O município de Mairiporã oferece várias.
Saímos do condomínio e, depois de uns 100 m de asfalto, dropamos uma picada e caímos na trilha dos Macacos.
A primeira meia hora de "pedalada" é quase toda descida. Moleza? Para quem está habituado, pode ser. Pra mim, que não utilizava há anos uma mountain bike para os fins aos quais foi projetada, foi pauleira.
Boa parte da trilha é feita com a roda de trás travada e, ainda assim, a bike no gás. Às pedras e valas, soma-se a ausência do santo pra ajudar.
Não queria deixar meus cicerones, habituados com o traçado, dispararem. Tentei acompanhá-los. Já foi adrenalinante.
Depois da primeira, fizemos uma segunda trilha, a das Aranhas, essa com um bocado de subida. Pra cima, o santo não empurra mesmo.
Quase duas horas depois de saírmos do condomínio, chegamos ao centro de Mairiporã. A adrenalina assentou e a endorfina dominou o metabolismo.

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