São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995
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Receita Federal fará devassa no Palmeiras

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Receita Federal fará uma devassa na contabilidade do Palmeiras. O clube é suspeito de fraude e sonegação fiscal.
A auditoria no Palmeiras deve começar o mais rápido possível, informou à Folha ontem o superintendente da Receita Federal em São Paulo, Gilberto da Costa.
"Vamos apurar as supostas irregularidades. A Receita agirá com cautela, sem prejulgamento das denúncias, para não prejudicar as pessoas investigadas", afirmou.
A Delegacia Oeste da Receita na cidade de São Paulo foi incumbida de formar um grupo de fiscalização para realizar uma auditoria fiscal nas contas do clube.
O delegado titular, responsável pela equipe de fiscais encarregada da investigação, é Pedro Barbosa.
"A auditoria terá acesso à documentação escrita, contratos e extratos bancários, e tudo o que for pertinente nas operações de receita e despesa", disse Costa.
As investigações devem atingir jogadores, ex-jogadores, ex-técnicos e o atual treinador do clube, Carlos Alberto Silva, que foram ou são funcionários do Palmeiras.
Entre eles, há dois campeões mundiais na Copa dos EUA: o meia Zinho e o volante Mazinho, que hoje atuam no Japão e Espanha, respectivamente.
"Também serão investigadas operações que envolvam terceiros", disse Costa. Isso implica a relação entre o Palmeiras e a multinacional italiana Parmalat, que patrocina o clube.
Segundo o superintendente, pode haver quebra de sigilo bancário e fiscal do clube e funcionários, caso os fiscais achem necessário.
Costa disse que a Receita já tem dossiê sobre o caso. O secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, foi informado da apuração.

Clube
O presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi, afirmou ontem que acredita não existir problemas contábeis no clube.
"Garanto que não existe omissão de lançamento de entradas e saídas", afirmou. Ele assegurou que o clube tem auditoria interna e não teme problemas.
Contursi afirmou que nunca recebeu a carta do contador Lineu Berti, que relata os supostos problemas contábeis no Palmeiras.
"Se houver problemas, respondo por isso", disse o presidente.
Contursi comentou alguns dos problemas citados, mas não soube explicar o principal deles: a diferença entre o salário declarado de jogadores e o salário real.
Ele admitiu que jogadores, alguns já fora do clube, teriam contas pendentes. Não disse, porém, por que não foi recolhido Imposto de Renda relativo ao valor pago.
"Pode haver erro, mas isso não significa que houve fraude ou falcatrua", afirmou.

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