São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995
Próximo Texto | Índice

Hora de agir

Os institutos de pesquisa apontam todos para uma queda na inflação em agosto e setembro que supera as mais ousadas expectativas. Segundo a Fipe, em setembro deve-se alcançar a taxa mais baixa do Real. A inflação poderá chegar ao notável intervalo entre 0,5% e 0,7%.
O governo, diante desses números, pode não só comemorar, mas também recalibrar a política econômica. Há duas frentes em que a sua estratégia pode ser recauchutada.
O economista Luiz Paulo Velloso Lucas, agora na Secretaria de Acompanhamento Econômico no lugar de Dallari, foi um dos responsáveis, no início dos anos 90, pela política de abertura econômica. É provável que sua escolha sinalize um reforço da tese de que inflação baixa se conquista com maior concorrência. Há itens ainda muito inflacionários, em especial serviços, que precisam ser expostos a uma competição mais intensa.
É possível, também, tomar providências quanto às políticas de tarifas, juros e câmbio -ou seja, preços controlados pelo governo. Com uma inflação tão baixa e tantos sinais de desaquecimento, o governo pode corrigir mais agressivamente algumas tarifas e a taxa de câmbio, reduzindo as taxas de juros e evitando um desaquecimento maior. Se assim proceder, entretanto, poderá levar a inflação de volta ao intervalo entre 1% e 2% ao mês.
Se, ao contrário, optar por juros altos, tarifas congeladas e câmbio retardado, garantirá uma inflação zero ou mesmo uma deflação.
A decisão é importante e não pode ser adiada.

Próximo Texto: Resolução 4
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.