São Paulo, sábado, 16 de setembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Lula defende invasões feitas por sem-terra
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O ex-presidente do PT Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem as invasões de terra promovidas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e criticou o programa Comunidade Solidária, presidido pela primeira-dama, Ruth Cardoso."O fato de os trabalhadores ocuparem terras tem, muitas vezes, gerado violência. Mas tem gerado também a obrigatoriedade de o governo fazer os assentamentos", afirmou. "A ocupação é uma necessidade de sobrevivência dos trabalhadores. Os trabalhadores estão mais do que certos ao ocupar terras que são improdutivas e que são do Estado", declarou. Lula participou de um ato, em Brasília, em favor da reforma agrária e contra a violência no campo. Com outros líderes e parlamentares petistas, Lula entregou documento sobre a questão agrária ao presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), e ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Sepúlveda Pertence. O presidente em exercício, Marco Maciel (PFL), também recebeu os petistas, mas Lula se recusou a participar do encontro. "Não vou ao Planalto porque não sou mais nada no partido", afirmou. Lula criticou a política agrária do governo: "Se o Fernando Henrique quisesse fazer reforma agrária, não colocaria um latifundiário no Ministério da Agricultura. É como deixar um rato cuidando do queijo parmesão." Um dos pontos sugeridos pelo documento do PT é a imediata desapropriação das terras dos grandes devedores do Banco do Brasil. O texto também pede a aceleração da tramitação de projetos relativos ao problema agrário, como o que estabelece a mediação obrigatória do Ministério Público em todos os litígios de terra. A programação de ontem começou com uma sessão especial na Câmara dos Deputados, com a presença de cerca de 500 sem-terra de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal. Comunidade Solidária O ex-presidente petista disse duvidar da eficácia do Comunidade Solidária no combate à fome e à miséria. "Política social não pode ficar a cargo de um programa paralelo. Quem articula trabalho de ministro é o presidente, e não a mulher do presidente", afirmou. Na avaliação de Lula, não está havendo um esforço conjunto dos ministérios em favor dos "excluídos". "O Malan (ministro da Fazenda) andou falando que o país não está em recessão, mas apenas em uma leve depressão. Depressão para ele, que está empregado." Texto Anterior: Nossa Caixa fecha 1º semestre com lucro Próximo Texto: Congresso faz revista incomum Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |