São Paulo, sábado, 16 de setembro de 1995
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Garota do jet ski é indiciada por morte

SALIM BURIHAM
DA FOLHA VALE

A estudante Vanessa Pereira Santos, 18, de São Paulo, foi indiciada pela polícia de Ubatuba (233 km a leste de São Paulo) sob acusação de homicídio culposo (quando não há a intenção de matar).
Ela depôs ontem na delegacia da cidade. Vanessa dirigia o jet ski que atropelou e matou o garoto Robson Monteiro, 12, na praia da Enseada, em Ubatuba, no feriado de 7 de Setembro.
O menino morava em São Paulo e passava o feriado com a família.
Segundo o delegado Fausto Macedo, a estudante vai responder ao processo em liberdade. Se ela for condenada, poderá pegar pena de um a três anos de prisão.
No depoimento à polícia, Vanessa afirmou que passou mal quando dirigia o jet ski e que não se lembrava do acidente. Ela teria entrado em estado de choque logo após saber da morte do menino.
Vanessa não tem carteira de habilitação de motonauta. Ela disse que pilotava um jet ski pela primeira vez e que desconhecia a exigência de uma carteira de habilitação para poder dirigir o jet ski.
O aparelho era do empresário Antonio Herbert de Oliveira Sobrera. A estudante disse que conheceu Sobrera no dia do acidente.
Segundo ela, o empresário, indiciado na semana passada sob acusação de homicídio culposo, ensinou-a a pilotar o aparelho.
A estudante disse que quando pilotava o jet ski, a cerca de 200 metros da praia, ficou nervosa e tentou então retornar à areia. Segundo o depoimento à polícia, seu corpo teria "endurecido".
Vanessa afirmou ter visto o empresário Sobrera na praia, que acenava para ela. Ao vê-lo, ela tentou dirigir o aparelho em sua direção.
A estudante disse não ter percebido que atropelara Robson. "Só fiquei sabendo do acidente quando vi o tumulto", disse Vanessa.
Ela afirmou que estava "devagar" na hora do choque e negou que estivesse embriagada. A estudante disse que não saberia determinar com precisão a velocidade do jet ski nem o local do acidente.
Vanessa disse que havia muitas pessoas utilizando jet ski na praia no dia do acidente e que não havia nenhuma fiscalização no local.
A estudante declarou à polícia que não socorreu o garoto porque, quando soube do atropelamento, entrou em estado de choque.
O advogado da estudante, Ary Bicudo, disse que a falta de fiscalização e a ausência de bóias para demarcação na praia serão utilizadas na defesa de Vanessa.
O comerciante Luiz Gonzaga Monteiro afirmou que vai decidir na segunda-feira se processa o dono do jet ski que matou seu filho.
Monteiro disse que está discutindo com seu advogado um pedido de indenização pelo acidente.
"Com o depoimento da menina, nós poderemos definir melhor o que fazer", afirmou Monteiro.

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