São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995
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Mulher cria grupo para evitar amar demais

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Jane não conseguia amar um homem normal, trocava um alcoólatra por um drogado. Acreditava que podia salvá-los.
Marisa achava que pagando as contas do marido e arrastando a casa sozinha iria afastá-lo da droga. Fátima trocou um companheiro alcoólatra e possessivo por outro que nem ligava para ela.
Em comum, essas mulheres acreditam que têm uma espécie de compulsão para amar homens errados. E uma resignação de Amélia que prefere servir seus companheiros a correr o risco de perdê-los. Se fossem ouvidas em Pequim, onde terminou anteontem a conferência da mulher, a subserviência delas seria vaiada.
Mas essas mulheres, todas da classe média para cima, não querem saber de faixas e discursos políticos e preferem relatar suas experiências no anonimato de quatro paredes. No ano passado, Marisa, 31, produtora de artes visuais, juntou um grupo de mulheres para tentar entender por que só atraíam homens complicados.
Assim nasceu o Mada, Mulheres que Amam Demais Anônimas, grupo que se reúne todos os sábados à noite em São Paulo.
Novos grupos serão abertos em outras capitais. No Mada, elas relatam suas experiências e tentam descobrir por que dependem de relacionamentos destrutivos.
O grupo foi inspirado em outro que também segue princípios semelhantes aos dos Alcoólicos Anônimos. São os Dependentes de Amor e Sexo Anônimos (Dasa), homens e mulheres que mantêm relacionamentos sexuais e afetivos de forma compulsiva.
"Em vez de comida, eu tinha fome de homens", diz Jane, que pertence ao Dasa e ao Mada.

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Sobre as organizações nas páginas 2 e 3

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