São Paulo, domingo, 17 de setembro de 1995 |
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Justiça sumária impera no interior de Ruanda Governo tutsi não garante segurança para volta de hutus ELIF KABAN
Diplomatas e funcionários da ONU dizem que o número de desaparecimentos cresce desde as demissões, no mês passado, do premiê moderado Faustin Twagiramungu (hutu) e de outros quatro membros do gabinete, irritados com as notícias de assassinatos cometidos pelo Exército, tutsi, etnia que comanda o governo. "Eles se livraram de todas as figuras carismáticas. Os políticos que costumavam pressionar o governo desapareceram de cena", diz um diplomata europeu. Membros do governo falam em reconciliação, em processar legalmente os suspeitos de participação no genocídio do ano passado, e no retorno em segurança de cerca de 2 milhões de hutus que fugiram temendo a vingança da Frente Patriótica de Ruanda, guerrilha tutsi que tomou o poder em 1994. O presidente Pasteur Bizimungu garante aos hutus que retornam ao país que eles não têm nada a temer se não estiverem envolvidos no genocídio de cerca de 1 milhão de tutsis e hutus moderados. Mas André Sibomona, ativista de direitos humanos, denuncia o que classifica de omissão do governo contra "atos de barbárie". Seu relato mais recente é o de um juiz hutu da cidade de Butare, no sul do país, morto por pistoleiros não identificados em 28 de agosto. Segundo funcionários da área de direitos humanos da ONU, grande número de prisões arbitrárias ocorre no interior do país. Há cerca de 50 mil hutus em prisões superlotadas; muitos morrem de doenças e alguns não têm onde sentar. "É cedo demais para falar em reconciliação", diz um diplomata. "Aqui, a justiça que se entende é a do olho por olho, braço por braço". Tradução de Lucia Boldrini Texto Anterior: Reunião da ONU sobre a mulher traça o mapa-múndi do feminismo Próximo Texto: TV bósnia acusa sérvios de massacre Índice |
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