São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995
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Gonzaga da Cruz, 23

Piracicaba, SP
Caríssimos amigos do Folhateen, a matéria "A Fome é a Maior Violência" da última edição (11/09) é por si só muito eloquente. Fiquei muito feliz por saber que alunos de escolas particulares estão participando da campanha. Eu já fui menino de rua, conheci de perto tudo o que se possa imaginar com relação às drogas e sei que a maioria dos que usam drogas o fazem por não terem expectativas para o futuro. Eu não tinha nenhuma expectativa de futuro, sempre pensei que não fosse ter nada na vida. Mas sempre trabalhei como se tudo dependesse de mim e sempre confiando em Deus. Hoje, em relação ao que fui, sou rico. Tudo o que vocês publicaram no Folhateen vem ao encontro com o que tenho sonhado nos últimos tempos: os mais privilegiados ajudando os menos favorecidos. A união faz a força e se todos se unirem, faremos um país melhor. O Brasil está mudando, o mundo está mudando. Só não muda quem não quer. Não gosto de futebol, mas amei essa campanha dos craques com aquelas camisas contra a violência.

Valeu você ter contado sua experiência, Gonzaga.

Emanuel Dhayan, 17
Natal, RN
As torcidas organizadas são vistas de forma diferente, somos considerados bandos, até mesmo quadrilhas. Só procuram mostrar o lado negativo das organizadas, não é mostrado o maior espetáculo de imensa festa, coreografia, show de fogos de artifício, papéis picados, bolas, fumaças de cores de seus respectivos clubes e outras inovações. Mas para os meios de comunicação, isso não interessa pois casos dramáticos, temas policiais, vendem jornal e dão audiência. Gostaria que fizessem uma reportagem mostrando o outro lado das torcidas organizadas, pois sou componente da Torcida Jovem do Flamengo e, ao contrário do que andam publicando, não sou marginal e nunca tive problemas com a polícia. As torcidas organizadas não vivem só de brigas: fazemos amizades, realizamos festas, organizamos viagens. Enfim, somos normais e não esses animais com os quais somos comparados.

Emanuel, o Folhateen está tentando mostrar esse outro lado das organizadas.

Giuliana Argese, 17
São Paulo, SP
Calça da Levi's, camiseta da Forum, tênis Nike, perfume Thaty... É assim que caminha a adolescência; é assim que sigo meus passos. Hoje, em plena década de 90, sou igualzinha aos meus colegas. Sou mais consciente, sei falar de política, aprendi a cuidar de minha saúde, uso camisinha, faço passeatas, luto pelos meus direitos, mas não sou uma típica adolescente. Por quê? Isso é tão simples que chega a ser banal. Eu não sou uma típica adolescente porque meu tênis não é Nike, não uso calças da Levi's e detesto Thaty. Mas por que será que me vêem assim? Por que será que não podem me identificar com minhas próprias características? Por que será que tenho que aguentar tantos estereótipos? A mídia gosta de imagens; de tipos, de qualificações. Criaram uma imagem para o adolescente dos anos 90, dividindo-o em tribos e caracterizando suas atitudes. Mas e a nossa individualidade, e as coisas que nos diferem uns dos outros, onde ficam? Sou adolescente? Sou, sim! E muito! Mas sou diferente, tenho mais pra mostrar. Bom, não quero encontrar respostas e tampouco culpar alguém. Quero deixar o meu grito. Quero gritar minha queixa. Quero mostrar a minha diferença. E quero, acima de tudo, mostrar que não tenho nenhuma das características citadas, mas sou adolescente!

Olá Giuliana. Que carta legal a sua. Escreva sempre.

Escreva para o Folhateen: al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, São Paulo, SP. CEP 01202-900. Não se esqueça de colocar seu nome completo, idade, endereço e telefone.

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