São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995
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Hipocrisia; Democracia; Testes nucleares; Prefeitura; Adolescente; Transplante de córnea; Matemática

Erramos: 19/09/95
A carta publicada ontem sob o título "Hipocrisia", na seção "Painel do Leitor", foi atribuída erroneamente ao leitor Roberto C. Massei. Na verdade, ela é de autoria de Flávio Rodrigues Fonseca.
Hipocrisia
"O dr. Jatene corre atrás do CPMF para salvar a saúde. O PT, que se diz o partido dos excluídos, aprova essa excrescência fiscal -por não ser progressivo, o CPMF é um imposto absolutamente injusto. Enquanto isso, o abastadíssimo Romário se trata em um hospital público, fazendo dezenas de exames e curtindo mordomias de suíte presidencial. Já o povo leva dias para fazer um simples raio X. É muita hipocrisia."
Roberto C. Massei (Ourinhos, SP)

Democracia
"O artigo de Jorge da Cunha Lima, 'FHC e o sultão de Bagdá' (17/9), espelha bem o que os eleitores de Fernando Henrique Cardoso e o Brasil desejam que ele faça em seu governo: exercício de democracia. Mais consulta ao povo, por meio de plebiscitos, é o caminho justo para a estabilidade social e a democracia tão desejadas."
Hugo Pontes (São Paulo, SP)

Testes nucleares
"Surpreendeu-me tremendamente a declaração do admirável Jacques Cousteau sobre a segurança dos testes nucleares franceses. Afinal, se é assim, por que os testes não são realizados na própria França?"
Marcos Almeida Prado Lefevre (Foz do Iguaçu, PR)

Prefeitura
"Não é demais repetir que a polêmica do sr. Alfredo Spínola de Mello Neto comigo acerca de questões gramaticais revela que os adversários do prefeito Paulo Maluf se desesperam ao não encontrar argumentos contra sua administração. O sr. Alfredo, consultando dicionários e mesmo o seu professor ginasial, já sabe o que é silepse. Muito bem. Não dispondo de argumentos na gramática, ataca agora o meu estilo. A frase '80% dos paulistanos apóia o prefeito Paulo Maluf' é mesmo uma silepse, não está errada gramaticalmente, só não tem 'estilo', segundo o sr. Spínola. Se até Millôr Fernandes já se autoproclamou 'enfim, um escritor sem estilo', esse não será um defeito grave para um jornalista, cuja matéria-prima são fatos e palavras para descrevê-los, sem qualquer pretensão literária."
Adilson Laranjeira, assessor-chefe de imprensa da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)

"O sr. Adilson Laranjeira procura usar de todos os meios para fazer apenas propaganda. Paulo Maluf já gastou de janeiro a agosto deste ano R$ 23,6 milhões em publicidade, mais até do que no Projeto Cingapura, o equivalente à construção de 39 escolas de educação infantil. A política de responder a todas as cartas de leitores é uma tentativa de intimidar as críticas da população e de ocupar este espaço, que deveria ser do livre debate, como propaganda gratuita."
Carlos Zarattini, suplente de vereador do PT (São Paulo, SP)

Adolescente
"Em resposta à carta de 14/9 da sra. Hebe Teixeira Soares, mãe do adolescente D.C.P., vimos informar sobre os procedimentos de atendimento efetuados pelo Núcleo de Atenção às Medidas Socioeducativas, setor do Serviço S.O.S. Criança. Ocorreu que na data de 2/9, às 20h30, ele veio conduzido a esse serviço pelo comissário de menores da Vara Central da Infância e Juventude do Fórum João Mendes Júnior, por meio do 23º DP (Perdizes), conforme B.O. nº 6.646/95, por flagrante de ato infracional (lei 6.368 - 21/10/76). Sendo inverídico o fato de o adolescente ter retornado ao DP para complemento de informações, haja visto termos recebido toda a documentação pertinente. Em continuação ao seu atendimento, foi-lhe oferecido higienização, alimentação, vestuário e serviço de enfermaria, quando não foi constatado qualquer tipo de lesão ou ferimento. Concomitantemente, realizamos entrevista com o adolescente, na qual o mesmo foi questionado sobre possíveis ferimentos ou dores, tendo como resposta sua negativa. Foi questionado ainda quanto a possíveis telefones para contatos com seus familiares para comparecimento nesse serviço, onde seriam informados quanto à ocorrência, bem como orientados quanto aos procedimentos legais que seriam adotados. No mesmo dia compareceu ao serviço, atendendo a solicitação, a genitora do adolescente, apresentando comportamento agressivo, não querendo ouvir as orientações prestadas pelos educadores, tampouco entendendo que o ocorrido com seu filho se tratava de ato infracional previsto em lei, exigindo a liberação do mesmo de forma imediata, sem que se cumprissem os preceitos legais que direcionam a sociedade como um todo. Porém, ficou ciente de que o adolescente seria ouvido pelo MP nas primeiras horas da manhã do dia subsequente, quando seria obrigatória sua presença. Ato contínuo, a mencionada senhora deixou as dependências desse serviço, em atitude de incompreensão e intolerância, aos brados contra os profissionais que prestavam o atendimento de forma adequada às circunstâncias que o caso requeria. Na manhã do dia 3/9, o adolescente foi apresentado ao representante do Ministério Público, acompanhado de sua família, quando prestou sua oitiva informal, sendo questionado sobre possíveis agressões ou ferimentos, tendo respondido de forma negativa; ao final, foi remido e entregue aos responsáveis."
Paulo Vitor Sapienza, coordenador das unidades e serviços de recepção e encaminhamento da Secretaria da Criança, Família e Bem-Estar Social (São Paulo, SP)

Transplante de córnea
"Ao arrolar dados restritos a um único banco de olhos, a matéria sobre transplante de córnea publicada na pág. 3-10 de 20/8 deixou de mencionar o que acontece nas outras quatro instituições semelhantes existentes na cidade: da Escola Paulista de Medicina, da USP, da Santa Casa e do hospital Albert Einstein, todas coordenadas pela Central de Captação de Órgãos da Secretaria Estadual da Saúde. Nesse sentido, cite-se o banco de olhos do Hospital São Paulo, da Escola Paulista, onde a espera por um transplante de córnea gira em torno de um ano e não de quatro anos, como foi divulgado. Além disso, somente de janeiro a junho esse hospital já realizou 132 transplantes de córnea, número que modificaria gráfico da pág. 3-10, cujos dados dão conta de apenas 155, entre janeiro e maio."
Rubens Belfort Júnior e Elcio Sato (São Paulo, SP)

Matemática
"Gosto quando o ombudsman trata de matemática em sua coluna. Faço, contudo, um reparo à coluna de 13/8, quando escreve: 'Na realidade, e na ponta do lápis...'. Falar de 'realidade' quando se trata de matemática é meio complicado, pois se trata de uma ciência baseada em relações. As realidades matemáticas devem ser julgadas em termos de variáveis dependentes (ou determinadas) e independentes (ou determinantes). Assim, os encargos sociais podem ou não incluir os benefícios mencionados (férias, 13º etc.), assim como salário-família, salário-educação, assistência médica etc., caso essas despesas sejam obrigatórias. O importante, quando se estabelecem comparações com outros países, é saber se os números desses países também incluem esses pagamentos e se eles são obrigatórios. No senso econômico estrito, salário é tudo aquilo que a entidade produtora paga ao trabalhador, seja a que título for, e entra como custo de produção dividido pelas horas efetivamente trabalhadas. Portanto, não é, em princípio, incorreto considerar toda a massa adicional de dinheiro gasto com o trabalhador, além do que ele leva para casa, como 'encargos' -sociais ou de qualquer natureza. Portanto, estamos lidando com duas verdades ou duas realidades: numa, ela é 50%; na outra, 100%. Tudo vai depender se a comparação com outros sistemas é feita sobre bases comparáveis de variáveis dependentes e independentes."
J. Roberto Whitaker Penteado (Rio de Janeiro, RJ)

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