São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
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BC rejeita proposta para sanear Banespa, diz Covas

CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), afirmou ontem que o BC (Banco Central) rejeitou sua proposta para saldar a dívida do Estado com o Banespa e encerrar a intervenção federal no banco paulista.
Segundo o diretor de Normas e Fiscalização do BC, Cláudio Mauch, o governo estadual não mandou nenhuma proposta formal.
O impasse emperra as negociações entre o BC e o governo do Estado para encerrar a intervenção, que já dura nove meses.
Enquanto não se chega a um consenso, os juros praticados pelo governo federal elevam em R$ 500 milhões por mês a dívida do Estado com o Banespa.
Frente à rejeição, Covas não pretende apresentar novas sugestões. "Não me cabe mais fazer propostas. A palavra agora está com o BC", disse ontem na sede do governo.
Pelo plano do governo tucano, rejeitado pelo BC, São Paulo venderia bens para saldar metade do débito. A outra metade seria paga por meio de um empréstimo externo. A dívida do governo do Estado com o Banespa é de cerca de R$ 13 bilhões.
A divergência básica continua sendo a privatização do Banespa. O BC só se predispõe a autorizar o empréstimo externo mediante o compromisso de Covas em privatizar o Banespa (leia texto abaixo).
Cláudio Mauch, por sua vez, afirma que o BC só acetia a privatização.
O governador quer manter o banco sob o controle do Estado para execução de políticas públicas como o crédito agrícola.
Durante entrevista coletiva ontem pela manhã no Palácio dos Bandeirantes (zona sul de São Paulo), o governador insinuou uma contradição do BC no item da proposta que prevê o financiamento externo.
"Essa parte (o empréstimo externo) consta da proposta inicial que o próprio BC fez. Quando propomos pagar parte da dívida com bens, o BC disse que aquela proposta (do financiamento) não valia mais".
O compromisso do BC era autorizar a negociação externa diante da hipótese de privatização.
Na opinião do governador, não há razão para se entregar o banco à iniciativa privada depois de o Estado saldar o débito.
Na entrevista, o governador negou que pretenda transferir dinheiro do Estado depositado no Banespa para a Nossa Caixa.
"Se tivesse que tirar (o dinheiro) já teria feito no início da intervenção". O governo movimenta cerca de R$ 3 bilhões por mês no Banespa.

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