São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fitas podem identificar sequestradores

ISNAR TELES
DA FOLHA VALE

A Polícia Civil de São José dos Campos (97 km de São Paulo) mantém sob sigilo fitas cassete com pelo menos dez ligações feitas pelos sequestradores da analista de sistemas Sílvia Inês Delgado de Almeida, 31, e sua filha Marina, 1.
Sílvia e a filha haviam sido sequestradas no dia 22 de agosto. Elas foram libertadas anteontem.
As fitas foram gravadas pelo detetive particular Mário Rodolfo Brundini Del Prato, de São José, que disse ter sido contratado pela família para investigar o caso.
As gravações com as vozes dos sequestradores teriam sido "confiscadas" pela polícia, segundo o detetive. "Eles chegaram até a suspeitar de mim", disse.
Sílvia e a filha foram levadas por três homens no bairro onde moram, Jardim Apollo, região nobre da cidade.
Apesar de a família negar, a Folha apurou que a família de Sílvia teria pago R$ 600 mil pelo resgate das duas.
A analista disse, em entrevista à Folha , que não consegue se lembrar do local onde ficou durante 26 dias e que não foi possível identificar os sequestradores.
Sílvia concedeu entrevista na casa da família. Ela chorou e disse que queria esquecer o que passou.

Folha - Você seria capaz de identificar os sequestradores?
Sílvia - Não. Em todos os contatos que eles mantiveram com a gente, eles usavam capuz e luvas. Raramente diziam alguma coisa.
Folha - Como era o local onde vocês ficaram presas?
Sílvia - Era um quarto escuro, fechado e com pouca ventilação. É tudo o que eu me lembro.
Folha - Em algum momento você achou que iria morrer?
Sílvia - Sim. Várias vezes. As únicas forças que eu tinha para espantar esses pensamentos eram a minha filha e a minha fé em Deus.
Folha - Como foi o tratamento dado a vocês por eles?
Sílvia - Nós não sofremos nenhum tipo de violência. Eles nos trataram bem. Não deixaram faltar nada. Até fraldas para a Marina eles trouxeram.
Folha - Qual a sensação agora depois de um desfecho feliz?
Sílvia - A melhor possível. Eu tenho mais vontade de viver do que nunca. Não quero deixar passar mais em branco nenhum minuto da minha vida.

Texto Anterior: A CPI dos combustíveis
Próximo Texto: Fugitivo liga para rádio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.