São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
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Medidas do BC já estimulam vendas

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O maior volume de dinheiro que está circulando na economia por conta da redução dos depósitos compulsórios e das taxas de juros freou a queda nas vendas a prazo, impulsionou os negócios à vista e provocou um recuo nos pedidos de falência, de concordata e na inadimplência do crediário neste mês.
Números da Associação Comercial de São Paulo mostram que o comércio fecha a primeira quinzena de setembro vendendo 33,42% mais à vista e 2,68% menos no crediário em relação a igual período do ano passado.
Entre os dias 1º e 16 deste mês, o Telecheque, indicador da venda à vista da entidade, recebeu 501.040 consultas.
No mesmo período, o Serviço de Proteção ao Crédito registrou 443.555 ligações de lojistas interessados em vender no crediário.
As medidas de flexibilização ao consumo tomadas pelo Banco Central diminuíram o tamanho da queda nas vendas a prazo, diz Emílio Alfieri, economista da ACSP. "Com qualquer empurrãozinho, esse número pode ficar positivo", prevê.
Em agosto, o SPC fechou com um recuo de 9,1% em relação ao mesmo período de 94. A tendência para setembro é de queda, mas menos abrupta do que a registrada no mês passado.
Dados consolidados até o dia 16 deste mês mostram que as consultas ao SPC estão 0,62% abaixo das registradas em igual período de agosto.
Segundo Alfieri, há indícios de que o ritmo de desaquecimento nos negócios já é menor. Em sua avaliação, hoje o governo tem espaço para flexibilizar ainda mais o consumo, sem colocar em risco a estabilização da economia.
Motivo: o mercado está bem ofertado de produtos e os preços continuam em queda.
Venda à vista
Depois de a venda à vista crescer 29,1% em agosto sobre o mesmo mês de 94, o acréscimo de 33,43% obtido na primeira quinzena de setembro confirma a tendência de alta.
"Os negócios à vista estão crescendo mesmo neste mês", diz o economista. Tanto é que, na comparação com agosto, as consultas ao Telecheque tiveram um acréscimo de 3,16%, até o dia 16.
Para Alfieri, a venda à vista também foi afetada positivamente pelo maior volume de dinheiro em circulação. Ele lembra, porém, que as liquidações de inverno têm garantido esse tipo de negócio.
Além disso, como o lojista teme aceitar cheque sem fundos, ele passou a consultar com mais frequência os serviços da ACSP. Isso acaba distorcendo os números.

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