São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 1995
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Lojas reduzem juros dos financiamentos

Taxas cobradas do consumidor continuam elevadas

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os juros dos financiamentos para compra de eletrodomésticos e eletrônicos caíram em até 2,5 pontos percentuais na primeira quinzena deste mês.
Apesar dessa redução, as taxas cobradas do consumidor continuam em patamar elevado.
Entre lojas e financeiras consultadas pela Folha, a menor taxa hoje é de 5% ao mês ou 79,5% ao ano. Os juros mais altos são de 14% ao mês ou 381,7% ao ano.
Já o rendimento projetado para as cadernetas de poupança para resgate em outubro é de 2,3% ao mês ou 31,3% ao ano.
A tendência, dizem os especialistas em crédito, é de os juros continuarem a trajetória de queda, empurrados pela inflação mais baixa e pelo maior volume de dinheiro que circula na economia e que acaba barateando o custo dos empréstimos.
"As taxas vão cair ainda mais", diz Manoel de Oliveira Franco, presidente da Acrefi, associação que reúne as financeiras.
As financeiras trabalham hoje com taxas de 9% a 11% ao mês no crediário em até três vezes.
Há duas semanas, quando o efeito da redução dos depósitos compulsórios no Banco Central não tinha batido no caixa das empresas, os juros variavam entre 10% e 12% ao mês, diz Franco.
Mas não é só menor custo do dinheiro que pressiona as empresas a baixarem os juros.
A concorrência cada vez mais acirrada entre lojas para fisgar o consumidor está forçando a queda das taxas.
"Estamos seguindo a concorrência", diz Marco Antonio de Bello, diretor do Ponto Frio.
Desde segunda-feira, a empresa cobra entre 10% e 14% ao mês no crediários de uma a dez prestações. A queda é de dois pontos percentuais nos juros.
O Magazine Luiza, por exemplo, mantém os juros do crediário em até dez prestações em 10,5% ao mês. Não descarta a possibilidade de reduzir o custo do dinheiro, segundo Eldo Moreno, diretor.
Já a Lojas Mahfuz saiu na frente no corte das taxas. Há dez dias, a empresa reduziu os juros de 13,5% para 11% ao mês, nas vendas em até sete vezes.
"Não há razão para a taxa ser tão alta", diz Antonio Mahfuz, superintendente da empresa.
É que, com a inflação e a inadimplência (atraso no pagamento) em queda, explica ele, o risco de vender a prazo é menor.
Resultado: as taxas de juros não precisam embutir uma proteção contra uma possível perda.
Segundo o empresário, a tendência é de o juro cobrado na sua loja baixar para 8% ao mês.
Na opinião de Girsz Aronson, dono da G. Aronson, a queda nas taxas não deve provocar um crescimento da vendas. Motivo: os prazos dos empréstimos com recursos das financeiras ainda continua limitado em até três vezes.

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