São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 1995
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Discos de música cubana chegam às lojas

LUÍS ANTÔNIO GIRON
DA REPORTAGEM LOCAL

A salsa e assemelhados conquistam aos poucos o ouvinte brasileiro. As músicas cubana e porto-riquenha, desnecessário dizer, têm muito em comum com a brasileira -especialmente a baiana. É tão alegre, ingênua e repetitiva quanto a do Pelô. Com a vantagem da originalidade.
Chegam ao mercado dezenas de títulos de Celia Cruz, do ritmista e chefe de orquestra Tito Puente, do maestro Oscar D'León e do pianista e cantor Bola de Nieve.
A Polygram lança o último disco de Tito Puente, intitulado "In Session". É uma divertida coleção de dez composições de jazz cucaracha. Segundo Puente, é o "latin dream team". O percussionista Mongo Santamaria, o pianista Hilton Ruiz e o saxofonista Charlie Sepulveda, entre outros, reunira-se com Puente em 1992 no Carneggie Hall de Nova York no show Blue Note Night Club. O disco documenta o acontecimento.
As faixas mais atraentes são "Teach me Tonight" e "Miami Girl". Em ambas existe a influência da Bossa Nova sobre a salsa.
A gravadora também comercializa o último disco de Celia, intitulado "Irrepetible". Acompanhada por uma orquestra de cobras cubanas e norte-americanas, Celia interpreta nove canções. O destaque político fica para a balada "Cuando Cuba se Acabe de Liberar". Se JFK estivesse vivo iria adorar essa lamentação anti-Fidel de autoria de um certo Hansel Martinez. A cantora se queixa da situação dos cubanos e pede libertação instantânea da ilha. Açúcar, marines!
Mas a melhor faixa é o clássico "Drume Negrita" (Ernesto Grenet), na qual Celia mostra a voz semigrave e a eficácia dramática de sua interpretação.
Quase se aproxima da versão de Bola de Nieve (1911-1971), cujos raros discos -prensados na Espanha e Canadá- a livraria Spiro de São Paulo acaba de importar, atendendo a pedidos.
Com um pedal poderoso e a voz rouca ao estilo de Fats Waller, Bola foi um dos maiores músicos latinos dos anos 60. Celebrizou a canção "Vete de Mi" (Esposito), hoje conhecida no Brasil na voz de Caetano Veloso. A faixa está na coletânea "Ay Mama Ines", do selo espanhol Orfeon.
O disco traz também "Drume Negrita" e a faixa-título, uma canção autobiográfica sobre a mulher que incentivou Bola a se dedicar à música. A música se repete na coletânea "Las Grandes Canciones del Genial Artista Cubano", um relançamento da gravadora cubana Egrem pelo selo madrilenho Nuevos Medios. O CD mostra o ponto de macumba "Babalu", popularizado no Brasil por Ângela Maria.
Original da Egrem, o CD "El Inigualable Bola de Nieve" contém texto de apresentação dos poetas Pablo Neruda (chileno) e Nicolás Guillén (cubano). "Bola de Nieve pertence a nosso folclore", escreve este último. Neruda: "Bola de Nieve se casou com a música". Uma ironia, pois Bola era homossexual e teve de sair de Cuba para se impor. Um dos seus maiores sucessos foi "Quindins de Iaiá", de Dorival Caymmi. As coletâneas importadas não trazem a interpretação.
(LAG)

Disco: Irrepetible
Intéprete: Celia Cruz
Lançamento: Polygram

Disco: In Session
Intérprete: Tito Puente e Convidados
Lançamento: Polygram

Discos: Coletâneas de Bola de Nieve
Lançamento: selos Egren, Orfeon e Nuevos Medios
Importação: Livraria Spiro (al. Lorena, 1.979, tel. 011/853-8855, São Paulo)

Quanto: R$ 18 (o CD nacional, em média) e R$ 25 (o CD importado, em média)

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