São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 1995
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Ford tem nova fórmula para adiar demissão

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Ford propôs ontem ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo uma nova forma para evitar a demissão imediata de 600 dos 2.800 trabalhadores da unidade do bairro do Ipiranga: o "bolsão".
Pela proposta, a Ford escolherá 600 trabalhadores que ficarão em casa, sem trabalhar, de 1º de outubro a 31 de janeiro de 96. Em outubro, receberão 80% do salário atual, em novembro 70%, em dezembro 60%, e em janeiro, 50%.
Os que continuarem no "bolsão" no dia 31 de janeiro serão demitidos, recebendo 0,415% por ano de trabalho, descontados 40% dos valores ganhos em outubro, novembro, dezembro e janeiro.
O trabalhador que participar do "bolsão" tem a possibilidade de optar pelo programa de demissão voluntária, em vigor na unidade do Ipiranga -produz caminhões. Pelo programa, o metalúrgico recebe 0,415% a mais por ano de trabalho.
O objetivo da Ford era obter 800 demissões voluntárias na unidade do Ipiranga, mas só 200 trabalhadores aderiram ao programa.
"A empresa disse que é esse tal de 'bolsão' ou demissão imediata para os 600 restantes", afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
"A crise e a desgraça estão tornando o pessoal criativo; inventaram agora essa nova forma de demissão", disse Paulinho. Haverá assembléia amanhã na empresa para discutir a proposta.
Se o sindicato assinar, não há ilegalidade na proposta da Ford, segundo o advogado trabalhista Octávio Bueno Magano. "A Constituição fala sobre a irredutibilidade de salários salvo acordo ou convenção coletiva", afirmou.
A assessoria da Ford confirmou a realização de reunião com o sindicato, mas os diretores responsáveis não foram localizados.
Para o Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, a Ford ainda não anunciou proposta no caso de o programa de demissões voluntárias atingir menos do que os 1.000 trabalhadores previstos em São Bernardo, segundo o presidente do sindicato, Heiguiberto Navarro.
Também ontem, a Voith fechou acordo sobre participação nos resultados com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, encerrando uma greve de nove dias.

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