São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AT&T se desmembra e vai demitir 8.500

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A multinacional norte-americana da área de telecomunicações AT&T anunciou, ontem, que tem planos de se dividir em três empresas distintas e de abandonar o setor dos computadores pessoais.
AT&T deverá eliminar 8.500 postos de trabalho de sua empresa Global Information Solutions (GIS), que emprega cerca de 43 mil funcionários.
As três novas empresas centrarão suas operações em vários setores do mercado internacional de informática. São eles: os serviços de comunicações, os equipamentos de comunicações e a informática de transmissão de dados.
A AT&T, que faturou US$ 49 bilhões em 1994, vai financiar a operação com US$ 1,5 bilhão, retirado do lucro da empresa.
Os atuais acionistas terão participação nas três companhias.
Em entrevista à imprensa, o presidente da AT&T, Robert Allen, disse que as mudanças nas necessidades dos consumidores na tecnologia e nas leis estão transformando radicalmente o setor.
A decisão da empresa terá grande repercussão no setor das telecomunicações dos Estados Unidos, visto que a AT&T lidera os campos de telefonia de grandes distância e a produção de equipamentos.
As ações da AT&T subiram US$ 7,12, chegando a US$ 64,75 pouco depois do início do pregão da Bolsa de Nova York.
A nova companhia de serviços, que manterá o nome AT&T, vai se ocupar da telefonia de longa distância e da emissão de cartões de crédito, bem como da integração de sistemas e de telefonia celular.
A direção da AT&T acredita que o custo da operação deverá reduzir em cerca de US$ 1 bilhão os lucros obtidos pela empresa em 1995.
Integração vertical
O desmembramento da AT&T surpreendeu o mercado e foi o primeiro indício de que a teoria da "integração vertical" não é tão dominante quanto parece no mundo dos negócios atual.
O presidente da AT&T, Robert Allen, foi um dos principais defensores dessa idéia. Quando comprou a NCR em 1991 por US$ 7,5 bilhões e depois a McCaw Cellular Communications em 1994 por US$ 12,6 bilhões, ele a estava exercitando.
O plano de Allen era transformar sua empresa em competidora importante em todas as áreas da comunicação: do conteúdo (via multimídia) à transmissão de dados (via telefonia) até os receptores (telefones e computadores pessoais).
Sua decisão de ontem constitui o reconhecimento de que a empresa não foi capaz de suportar os prejuízos provocados pelo tempo de adaptação da sua cultura interna ao gerenciamento de uma atividade na qual não tinha experiência anterior (a computação).
Leilão
O Senado dos EUA rejeitou ontem a proposta de se leiloar concessões para emissoras de rádio e TV no país.
A idéia estava sendo discutida como uma das fórmulas de se manter o financiamento federal à rede pública de televisão.
No entanto, continua de pé a possibilidade de leilões serem usados para as concessões de canais de televisão digitais por satélite.
A maioria dos possíveis operadores desse sistema se opõe à sugestão mas a MCI Communications a apóia.
A decisão sobre o leilão dos canais digitais cabe à Comissão Federal de Comunicações (FCC), não ao Congresso.

Colaborou CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA, de Washington

Texto Anterior: Expo 96 terá presença de empresas brasileiras; Alcoa pode instalar fábrica em Araraquara; Japão anuncia apacote para reativar economia; Chase e Nacional criam fundo de investimento
Próximo Texto: TVA se associa a grupos de EUA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.