São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 1995
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Bombaim é doce desmanchando na boca

DO "LE MONDE"

Uma cidade enorme, empoeirada, açucarada, como um grande doce se desmanchando na ponta da língua (de uma península), com seus templos, palácios sobre o mar, seus casebres, edifícios deteriorados sem possibilidade de reconstrução, casas coloniais de cores: isso é Bombaim.
Milhões de indianos vivem na mais extrema miséria, mendigos que não têm mais força para pedir, acocoram-se nas calçadas. Uma certa manhã, um caminhão os recolherá como folhas mortas.
Bombaim está em permanente ebulição, os indianos estão constantemente atarefados, apressados, combativos como abelhas.
E é preciso subir em um de seus minúsculos táxis amarelo e preto, por volta das seis horas da tarde, para entender exatamente o que quer dizer deixar-se levar na massa humana ondulante, competindo de modo absurdo para atingir seu objetivo urgente na última linha de frente.
Além disso, o chofer na maioria das vezes não conhece o endereço dado e quase nunca o nome do hotel. Quanto aos nomes das ruas, eles mudam frequentemente. Não adianta dar o nome do hotel West End, por exemplo, e indicar que fica na Marine Street, número 45.
Diga, de preferência, que ele fica ao lado do Cine Liberty. É um verdadeiro ponto de referência e você está realmente no país dos viciados em cinema.
Os colombianos usam cocaína, os franceses se encharcam de "beaujolais", os marroquinos fumam haxixe, os chineses ópio, muitos beduínos mascam bétele, todos os indianos vão ao cinema.

LEIA MAIS
Sobre o cinema em Bombaim nas págs. 6-22 e 6-24

Tradução de Bertha Halpern Gurowitz

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