São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 1995
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Produção resiste ao Ocidente

DO "LE MONDE"

É verdade que Ray soube dar o exemplo para toda uma geração de cineastas mais interessados pelo neo-realismo italiano do que pelos melodramas musicais.
É possível citar dezenas de nomes, de Girish Karnad a Mani Kaul, de Mrina Sen a Kumar Shahani, que serão encontrados em antologias e catálogos de festivais, mais do que num cartaz de cinema na França.
Mesmo com a ajuda do Estado, esse cinema de reflexão dificilmente encontra seu lugar na Índia. Apesar disso, ele coexiste minoritariamente ao lado do grande elefante comercial que se mostra ainda, segundo as análises do senhor Gupta, um elemento sólido: "Continuaremos a ajudar os filmes ambiciosos, mas o público continuará a gostar dos cantados".
A outra nuvem, mais volumosa, é a ameaça que representa Hollywood, predador que pretende desfazer os laços entre o cinema indiano e o público fervoroso.
Ravi Gupta diz não temer esse concorrente. A parte de mercado de Hollywood na Índia é de 5%. O cinema indiano representa 95% da bilheteria, caso único no mundo.
O cinema, além de não ser subvencionado, paga impostos enormes, prova de uma saúde de ferro. No entanto, a Warner Bros pretende gastar US$ 125 milhões para financiar treze salas múltiplas na Índia. E a distribuição é de longa data a chave do imperialismo hollywoodiano.
Os indianos retrucam que os americanos não poderão concorrer com uma produção de oitocentos e cinquenta filmes. Talvez isso seja verdade, mas a versão hindi de Jurassic Park obteve um tal sucesso que foram feitas duas outras versões, em tâmil e em telugo.

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