São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 1995
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Pesquisa mostra danos a garçom

DA REPORTAGEM LOCAL

A Escola Paulista de Medicina divulgou ontem estudo que diz que garçons não-fumantes são mais afetados pelo cigarro no local de trabalho que a média das pessoas.
A pesquisa foi encomendada pela Secretaria Municipal do Planejamento. Foram pesquisados 100 garçons não-fumantes (42 deles ex-fumantes) em restaurantes do centro de São Paulo.
Os garçons foram comparados a um grupo de estudantes de medicina da própria escola, também não-fumantes, disse o médico Ronaldo Laranjeira, da Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas da Escola Paulista de Medicina e coordenador da pesquisa.
Constatou-se que 34% dos garçons tinham pressão arterial maior que a normal. A média das pessoas hipertensas é de 12%. Após jornada entre 6 e 12 horas de trabalho, 45% dos garçons estavam com pressão acima do recomendado.
Foi medida a quantidade de cotinina (proveniente da nicotina) na saliva dos garçons antes e depois do dia de trabalho. Antes do trabalho, a quantidade era de quatro nanogramas por mililitro -o dobro da média dos estudantes. Depois do trabalho, passava para oito nanogramas por mililitro.
Outro fator verificado foi a quantidade de CO (monóxido de carbono, expelido pela queima do fumo) no ar expirado. No grupo de estudantes e nos garçons antes do trabalho, a média era de aproximadamente três partes de CO por milhão. Nos garçons depois do trabalho, ia a oito partes por milhão.
Antonio Carlos Gomes, 45, garçom há 19, diz que o cigarro sempre lhe causou desconforto durante o trabalho. "Mas, de uns anos para cá, tem diminuído o número de fumantes", diz.
Gomes trabalha na cantina Famiglia Mancini, que retirou os cinzeiros das mesas na última segunda. "Já vi muita briga de cliente fumante e não-fumante", diz.
Manoel de Jesus Silva, 26, não-fumante e garçom há dois anos, diz que prefere servir o setor de não-fumantes do restaurante Giovanni Bruno. "Mas às vezes tenho que aguentar os fumantes."

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