São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 1995
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Ação do governo forma cartel, diz Kaiser

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

O vice-presidente de assuntos corporativos da Kaiser, Carlos Eduardo Jardim, disse ontem que o modo de atuar da secretaria de Acompanhamento Econômico acaba por "tornar o processo (de aumentos de preços) um cartel".
Ele deu as declarações na 29ª Convenção da Abras (Associação Brasileira de Supermercados).
Arthur Sendas, do supermercados Sendas, já havia insinuado que houve aumento conjunto por parte das cervejarias, pois todas aumentaram seus preços em torno de 9%, o que caracterizaria um cartel.
Jardim disse que como cada empresa quer um percentual de reajuste e a secretaria define um outro menor, todas as empresas acabam por dar reajustes equivalentes.
Mesmo reconhecendo que o mercado é livre, Jardim diz que a secretaria "pressiona" para que seja dado o aumento acordado.
Jardim disse que Sendas fez a "colocação correta", porque os aumentos foram em torno de 9%.
Jardim criticou o secretário de Acompanhamento Econômico, Luiz Paulo Vellozo Lucas, que espera dados dos supermercados para pedir explicações às cervejarias.
Para Jardim, a decisão de Vellozo é "inquisitorial e intimidatória". Para ele, a secretaria só deve pedir explicações em casos de aumentos exagerados de preços.
"Quero saber qual o currículo do secretário na iniciativa privada", disse, chamando-o de burocrata que não sabe avaliar custos.
Outro lado
Vellozo disse à Folha que Jardim o interpretou incorretamente. Para ele, as reuniões que serão feitas "não terão uma visão policialesca". As conversas são "normais porque não se chegou a uma estabilidade econômica final".
Ele reafirmou que a Abras identificou cervejas e refrigerantes como produtos que têm problemas relacionados a preços.
Vellozo disse que considera baixar alíquotas de importados para forçar a queda de preços.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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