São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 1995
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Pirâmides não são única atração do Egito

HAMILTON MELLÃO JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA

O que sobrou do Egito dos faraós? As pirâmides, a esfinge, o templo de Luxor, o Nilo, o deserto e... a maioria dos ingredientes e das técnicas culinárias que usamos até hoje.
Os habitantes do vale do Nilo eram um povo de agricultores e pastores muito bem-sucedidos, pois as periódicas inundações do rio traziam para a várzea o limo, um eficaz fertilizante natural.
Nesses campos, eles plantavam trigo, aveia, centeio, verduras, feijões, favas, salsa, rabanetes e sobretudo alho e cebola, alimentos basilares da alimentação egípcia. Abundavam também as frutas, como uvas, melões e damascos.
Entre os alimentos plantados por eles, alguns surpreenderam, como maçãs, bananas, figos, mangas, arroz, chá, soja, aspargo, beterraba, salsão, cereja, castanha, pimenta, ameixa, mostarda, ruibarbo, laranja, cana-de-açúcar, framboesa, morangos, marmelo.
Com esse quadro, dificilmente acontecia carestia naquele tempo. A mesa dos nobres -e pode-se dizer mesa mesmo, já que eles foram os primeiros a usar mesa e cadeira para se alimentar- era muito refinada até para padrões atuais.
A profissão de cozinheiro era extremamente valorizada, sendo que eles ocupavam um alto grau na sua complicada hierarquia. E, se os pratos que criavam agradassem ao seu senhor, eram devidamente recompensados com grande soma em ouro.
Como entrada comiam sementes de gergelim, de anis e de cominho, ou uma cebolinha picante e repolho, que tinha fama de diminuir o efeito do álcool.
Bebiam de fato grande quantidade de vinho e cerveja acompanhando ganso assado, pato selvagem e perdiz grelhados, coxa de vitelo recheada, carne de gazela e peixe cru ou grelhado.
Foram também os primeiros a plantar azeitona e a fazer azeite. Como proeza maior e demonstração do seu refinamento, foram ainda os inventores da técnica para fazer foie-gras.
Os egiptólogos garantem que eles produziam mais de 40 tipos de pão, com diversos ingredientes e inúmeros formatos, 3.000 anos antes de Cristo. Para a conservação dos alimentos, salgavam a carne e a secavam ao sol. Deixavam ainda as comidas em ambientes frescos e ventilados.
Por ter sido um dos territórios mais disputados e invadidos do mundo, o Egito foi recebendo influências externas que serviram para aumentar o seu receituário, mas o país teve também papel importantíssimo como difusor de ingredientes e de técnicas culinárias.

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