São Paulo, domingo, 24 de setembro de 1995
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Casa própria tem o menor risco de calote

MÁRCIA DE CHIARA

Empréstimos para a compra de imóveis têm menor risco de calote do que o crediário, o cheque pré-datado e o cartão de crédito.
É que o comprador, com medo de perder a casa própria, acaba dando prioridade ao pagamento da dívida imobiliária, explica Claudio Heitor Moreira de Alvarenga, sócio da consultoria Qualy Card, especializada em crédito.
Segundo o consultor, não existe uma pesquisa que comprove com números em que ordem o consumidor quita as suas dívidas.
A experiência mostra, no entanto, diz Alvarenga, que as taxas de calote entre as diversas formas de crédito são diferentes. Entre o cartão e o cheque especial, por exemplo, as pessoas pagam primeiro a dívida do cheque especial, diz ele.
Motivo: é mais rápido bloquear a conta do cheque especial do que a do cartão. "As administradoras mais eficientes conseguem bloquear totalmente o cartão em uma semana", diz o consultor.
Já entre o cheque pré-datado e o crediário, o índice de calote no primeiro é quatro vezes menor do que no segundo. Isso explica, segundo o consultor, por que os lojistas dão preferência ao pré-datado em relação ao carnê.
É que, ao passar um cheque sem fundos, o emitente comete crime de estelionato, com punição prevista em lei. Ao deixar de pagar o crediário, porém, o consumidor entra na lista dos inadimplentes e tem ainda a chance de renegociar a dívida com vantagem.
Há diferenças também entre os crediários de lojas. A prática mostra, diz Alvarenga, que financiamentos para a compra de material de construção são menos "arriscados" do que para eletrodomésticos, considerando clientes de uma mesma classe socioeconômica.
O que explica essa diferença é que quem compra material de construção está preservando a casa própria, que tem mais importância para consumidor do que o eletrodoméstico. Também nos financiamentos garantidos, como o de veículos, no qual o bem financiado é a garantia do empréstimo, a taxa de calote é menor.
(MCh)

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