São Paulo, domingo, 24 de setembro de 1995
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Afogando em números

DO "EL PAÍS"

US$150.000.000
tradução Ana Ban
O estúdio Universal Pictures gastou mais de US$ 150 milhões com "Waterworld - O Segredo das Águas", em cartaz no Brasil desde sexta-feira. É o filme mais caro da história. Mas saiu ainda mais caro para o produtor e protagonista Kevin Costner: custou-lhe o casamento e a amizade com o diretor Kevin Reynolds. Ganhador de sete Oscars em 1991 (com "Dança com Lobos), Costner foi o bode expiatório para todos os erros que acompanharam a realização. Orçamento estourado, cronograma atrasado e os cenários faraônicos de uma cidade flutuante foram só alguns problemas. O projeto começou em 1991, quando Costner se interessou pela história. Mas as filmagens só foram iniciadas em junho de 94, com roteiro inacabado. Aqui, o ator se diz farto da imprensa e de seus inimigos em Hollywood. E não descarta a idéia de sair de cena dentro de algum tempo.

"Waterworld" foi o trabalho mais difícil de sua carreira?
Não tinha por que, mas foi.
Pensou em abandoná-lo?
Eu pensava: "Você faz papel de herói, mas é só um homem." Se eu abandonasse o filme, não poderia me sentir nem mesmo homem.
Você considera imoral gastar mais de US$ 150 milhões em um filme?
Não tenho que justificar nada. O dinheiro gasto no filme só enteressa ao estúdio que pagou por ele. Se esse dinheiro não tivesse sido gasto assim, também não estaria financiando novas tecnologias em benefício da humanidade.
Mesmo assim, você não acha que essa cifra é desproporcional?
Desses US$ 150 milhões que gastamos, pelo menos US$ 30 milhões foram pagos em impostos. Preocupo-me mais com o que o governo fez com essa quantia.
A impressão é de que fazer filmes está se tornando um exercício pouco recomendável para você.

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