São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 1995
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SP pode ter que devolver verba da saúde

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Auditoria realizada por peritos do Ministério da Saúde nas contas da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo revelou gastos irregulares do dinheiro repassado pela União através do SUS (Sistema Único de Saúde). Ela sugere que a prefeitura devolva R$ 4,7 milhões.
A auditoria constatou também que a gestão Paulo Maluf congelou ilegalmente a verba recebida do governo federal para a saúde.
Segundo o estudo, em 1993 e 94, a prefeitura só gastou 18% do dinheiro que recebeu.
O resto ficou aplicado no banco, servindo como garantia para empréstimos feitos pela prefeitura.
Em 94, por exemplo, sobraram na conta R$ 94,7 milhões, o suficiente para construir cinco hospitais equipados para 150 pacientes.
Em 1991 e 92, os últimos anos da gestão Erundina, a prefeitura usou apenas 48% da verba que recebeu da União.
Para demonstrar que a prefeitura teria onde aplicar o dinheiro, a auditoria apontou deficiências em 15 hospitais da rede municipal.
Entre as irregularidades listadas pelo relatório, está o fato de o dinheiro repassado pelo governo federal demorar até 21 dias para cair nas contas do Fumdes (Fundo Municipal de Saúde). Há a suspeita de que o dinheiro fique rendendo em outra conta e a diferença seja usada para outros fins.
A auditoria também analisou as contas de hospitais do município e constatou diversos casos de irregularidades na cobrança de serviços através das AIHs (autorização de internação hospitalar).
Em alguns casos, teriam sido cobradas da União cirurgias que não tinham relação com o diagnóstico do paciente, por exemplo.
A auditoria foi solicitada pelo Ministério Público Federal e faz parte de um inquérito civil instaurado em maio com objetivo de investigar irregularidades no uso do dinheiro enviado pelo Ministério da Saúde para São Paulo.
O promotor responsável pelo inquérito, Januário Paludo, afirma nos autos que há "má gestão dos recursos do Fumdes pela administração municipal de São Paulo".
O inquérito começou com uma ação impetrada pelo deputado federal Eduardo Jorge e pelo vereador Adriano Diogo, ambos do PT, que acusava a prefeitura de prejudicar o atendimento à população por não usar a verba da saúde.
Paludo enviou o relatório para o secretário municipal da Saúde, Getúlio Hanashiro, no dia 18.
O secretário já se reuniu com o promotor e prepara uma resposta.
O promotor poderá agora solicitar à Justiça que obrigue a prefeitura a devolver parte do dinheiro. Poderá também solicitar abertura de inquérito policial para apurar as supostas fraudes contra a União.

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