São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 1995
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Micros descobrem comércio exterior

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O comércio exterior (importação e exportação) está deixando de ser uma atividade restrita apenas às grandes empresas no Brasil.
A abertura de mercado, a globalização da economia e a implantação do Mercosul (Mercado Comum do Sul) estão dando oportunidade às micro e pequenas empresas, hoje responsáveis por cerca de 5% do comércio exterior brasileiro, segundo cálculos dos representantes do setor.
"A participação das pequenas empresas está crescendo dentro das tradings. Seu potencial é que são companhias enxutas e, em geral, com preços competitivos", diz Carlo Barbieri, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Trading (que trabalham com comércio exterior).
Barbieri conta que, junto com as empresas de médio porte, micro e pequenas companhias representam hoje 30% do faturamento das tradings.
"Há cinco anos, antes da abertura de mercado, essa porcentagem não chegava a 4%", afirma.
Nesta tendência, estão ganhando espaço as instituições especializadas em prestar assessoria às micro e pequenas empresas e em gerar negócios para o setor.
Um exemplo é a primeira sede brasileira do World Trade Center (WTC), centro fomentador de negócios em mais de 80 países, que será inaugurada em 8 de outubro em São Paulo.
O valor de mercado do empreendimento está estimado em US$ 500 milhões e foi financiado por 33 fundos de pensão.
"Nosso objetivo é capacitar empresas a se tornarem competitivas em comércio exterior, com qualidade de produção para um mercado globalizado", afirma José Cândido Sena, diretor-superintendente do WTC brasileiro.
Em uma torre de 26 andares, o WTC criou toda a infra-estrutura, inclusive com salas de vídeo conferência, para que uma empresa possa obter informações sobre os seus possíveis parceiros no mundo e sobre a burocracia e legislação para exportar sua produção.
"São 294 WTC ligados em rede mundial, o que permite encontrar, rapidamente, parceiros de negócios", diz Sena.
Outro exemplo é o Mercotrade, uma roda de negócios, que deve reunir mais de 1.200 micro e pequenos empresários da Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Brasil, em outubro no Rio de Janeiro.
"Promovemos rodas de negócios para incentivar as atividades entre as pequenas empresas do Mercosul", diz Marco Hupe, coordenador de comércio exterior do Sebrae-RJ (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Rio de Janeiro).
Com o evento, o Sebrae espera promover parcerias e fechar vendas da ordem de US$ 150 milhões.
Hupe conta que o Sebrae-RJ inaugurou o seu primeiro escritório internacional há pouco menos de três anos na Argentina.
"Já geramos mais de US$ 500 milhões em negócios. Este é um mercado potencial e estamos crescendo na assessoria às empresas que querem atuar nele", diz.
Michel Alaby, vice-presidente da Associação Brasileira para Integração do Mercosul, afirma que as pequenas empresas ainda estão afastadas do comércio exterior devido a fatores como o tabu de que exportar é difícil, à falta de conhecimento da área e às dificuldades burocráticas e legislativas.
"Ainda falta às empresas brasileiras a consciência exportadora."
O consultor diz que, nos Estados Unidos, mais de 50% da pauta de exportação é feita por empresas com menos de 19 empregados. "Isso prova que há espaço para as pequenas empresas."

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