São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Demissões disparam na indústria de SP

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria localizada na região da Grande São Paulo fechou 93 mil postos de trabalho em agosto, segundo pesquisa divulgada ontem pelo Dieese/Seade.
É a maior retração mensal registrada pela pesquisa desde janeiro de 1985, quando começou o levantamento.
Com esses resultados, a Grande São Paulo acumula 1,052 milhão de desempregados, o que representa 12,9% da PEA (População Economicamente Ativa).
No entanto, o índice de desemprego na Grande São Paulo recuou em agosto com relação a julho, quando ficou em 13,1%.
A queda é explicada pela redução da PEA, provocada por pessoas que deixaram de procurar emprego e, portanto, não entraram nas estatísticas do Dieese/Seade.
Durante o período, o comércio fechou 6 mil vagas, enquanto que outros setores, que incluem a construção civil e serviços domésticos, tiveram diminuição de 24 mil postos.
Fiesp
As demissões na indústria paulista continuam em setembro. Apenas na segunda semana deste mês, segundo a Fiesp, outras 7.740 vagas foram fechadas em todo o Estado.
Desde o início de setembro, o total de postos eliminados é de 15,5 mil. No ano, são 87,8 mil vagas a menos.
A queda do emprego na indústria em agosto vai contra a sazonalidade, segundo Pedro Paulo Martoni Branco, diretor-executivo da Fundação Seade.
"Nessa época do ano, era para ocorrer uma recuperação do nível de emprego, por conta das encomendas de final de ano", diz Martoni Branco.
Para ele, a queda do emprego é resultado do "impacto negativo do recuo da atividade econômica".
O diretor-executivo da Seade avalia que a indústria brasileira não vai mais gerar empregos na mesma velocidade que a registrada durante a década de 80, por exemplo.
Para Sérgio Mendonça, diretor-executivo do Dieese, as indústrias aproveitam a redução das vendas provocada pelo desaquecimento da economia para fazer ajustes estruturais.
Os setores que tiveram as maiores quedas no emprego, segundo apurou a Fiesp, foram: artefatos de ferro, metais e ferramentas (-2,27%), fiação e tecelagem (-2%) e artefatos de borracha (-1,78%).
A indústria metalmecânica, informa a pesquisa Dieese/Seade, teve queda de 6,8% no emprego em agosto.
O nível de ocupação, incluindo os demais setores da economia, registrou queda de 0,4%. Isso significa a redução de 31 mil postos de trabalho.
Rendimentos
Após três meses de estabilidade, o rendimento real médio dos ocupados teve redução de 1,8%, ficando em R$ 707.
Este resultado foi obtido durante o mês de julho, último mês em que há dados.
Durante esse mesmo mês, o salário real médio registrou variação positiva de 0,4%, ficando em R$ 688.

Texto Anterior: Fracassomania e autocrítica
Próximo Texto: Aumenta seguro-desemprego
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.