São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995 |
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PM paulista quer criar 'sócio-torcedor'
ARNALDO RIBEIRO; MÁRIO MOREIRA
Trata-se de uma condição que daria à pessoa não os direitos normais aos sócios dos clubes (frequentar piscina etc.), mas de comprar ingressos mais baratos para jogos que escolhesse, sem pagar quaisquer taxas. Em contrapartida, cada sócio-torcedor teria que fornecer seu nome completo e endereço, permitindo a cada clube formar um cadastro a ser consultado pela polícia em caso de necessidade. A idéia é inspirada numa das medidas adotadas na Inglaterra como forma de combate aos "hooligans", os torcedores que cometem atos de violência. Na temporada 92/93, os clubes ingleses decidiram que somente torcedores cadastrados poderiam frequentar os estádios. A partir daí, todos que quiseram comparecer às partidas tiveram que fornecer seus dados pessoais, tornando-se, automaticamente, sócios de seus clubes. Essa condição permite ao torcedor adquirir pacotes de 20 ingressos para partidas em que o time atue como mandante. O nome da pessoa é impresso no bilhete. Como todos os assentos são numerados nos estádios ingleses, a polícia, com acesso aos cadastros dos clubes, pode identificar todos os presentes aos jogos. Hoje, 90% das pessoas que comparecem aos estádios são sócios-torcedores. Na opinião do tenente-coronel Carlos Alberto de Camargo, comandante do 2º Batalhão de Choque da capital, o vínculo do sócio-torcedor com seu clube poderia substituir, com vantagens, a relação que os torcedores têm com as facções uniformizadas. "Atualmente, ser torcedor é algo que não preenche o padrão das pessoas. Elas querem fazer parte de alguma coisa mais com a qual se identifique." Segundo Camargo, o clube substituiria a facção na cabeça dos torcedores uniformizados. "E os clubes teriam condições estatutárias de punir seus sócios-torcedores", acrescenta. Em junho deste ano, o tenente-coronel enviou aos clubes paulistas um resumo das medidas adotadas pela Scotland Yard (a polícia britânica) para combater a violência, incluindo o sócio-torcedor. A criação do sócio-torcedor será analisada pela Comissão Permanente Antiviolência, encarregada pela Federação Paulista de estudar e propor mudanças nas leis esportivas. (AR e MMo) Texto Anterior: Notas Próximo Texto: 'Seria preciso ter estrutura' Índice |
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