São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 1995
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Ato contra desemprego fecha a Anchieta

ANDRÉ KOVALEVSKI; MARTA AVANCINI
DA FOLHA ABCD E DA FOLHA SUDESTE

Cerca de 8.000 funcionários da Mercedes-Benz de São Bernardo realizaram ontem pela manhã, entre os quilômetros 16 e 18 da via Anchieta, protesto contra a demissão de 1.150 metalúrgicos da montadora, anunciada anteontem.
A fábrica emprega 12.500 funcionários. Na unidade de Campinas (SP), a montadora demitiu 450 dos 3.900 empregados e houve protesto.
O ato no ABCD durou cerca de duas horas e meia, entre 8h e 10h30, e provocou congestionamento de quatro quilômetros na Anchieta, segundo a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A).
A Mercedes alega que o enxugamento é necessário para manter a competitividade nos mercados nacional e internacional.
O investimento de US$ 400 milhões, anunciado há 12 dias na Alemanha, está mantido.
Segundo Luiz Marinho, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, a greve, iniciada na manhã de anteontem, deve continuar por tempo indeterminado até que a empresa decida reverter as demissões.
Hoje, a partir das 7h, os funcionários da Mercedes se reúnem em assembléia, em frente à fábrica, para discutir os rumos do movimento.
A unidade da Mercedes em São Bernardo produz diariamente 163 caminhões e chassis de ônibus. A produção parou ontem.
Sebastião Borges da Silva, 45, trabalhou na Mercedes por quatro anos como prensista e foi um dos demitidos.
"Estamos indignados. Sempre houve negociação. Mas, de repente, eles agiram de uma forma selvagem", disse Adi dos Santos Lima, 39, coordenador da comissão de fábrica da Mercedes.
Campinas
Os funcionários da linha de produção da Mercedes-Benz em Campinas aprovaram, em assembléia realizada na manhã de ontem, a manutenção da paralisação da produção iniciada anteontem e a ocupação da fábrica durante o período de trabalho.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região, todos os trabalhadores permaneceram dentro da fábrica entre 5h30 e 15h30.
Eles decidiram deixar a fábrica em assembléia realizada ontem à tarde, mas pretendem retornar hoje, diz o sindicato.
A hipótese de ocupação não é descartada, no entanto, pelas lideranças do movimento.
"Por enquanto não é o caso, mas, dependendo do andamento das negociações, podemos ficar dentro da fábrica o tempo todo.", disse Emanuel Melato, diretor do sindicato e vice-presidente estadual da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Desde anteontem, quando a greve começou, a Mercedes deixou de produzir, em sua unidade de Campinas, 14 ônibus por dia, o que corresponde a 76% de sua capacidade máxima de produção.
(André Kovalevski e Marta Avancini)

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