São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 1995
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Prefeitura ameaça interditar catedral da Sé

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A catedral da Sé, no centro, corre risco de ser fechada administrativamente pela Prefeitura de São Paulo. De acordo com a Secretaria da Habitação, a igreja não oferece segurança aos usuários. Até sexta-feira a catedral será notificada.
Ontem a prefeitura interditou o ginásio do Ibirapuera, na zona sul. A Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, está com cinco templos lacrados e cultos cancelados (leia texto ao lado).
A catedral da Sé está incluída em uma nova lista com 50 imóveis irregulares elaborada pela secretaria. O fechamento administrativo é o procedimento que antecede a interdição, com lacre do local.
Anteontem, a prefeitura divulgou lista com 183 edificações irregulares na cidade. Todos os imóveis relacionados receberam pelo menos três multas por estar em desacordo com as normas municipais de segurança.
"A catedral da Sé não oferece risco iminente de incêndio, mas se acontecer qualquer tumulto lá dentro vai ser uma tragédia. As pessoas não vão ter como sair", declarou Carlos Alberto Venturelli, diretor do Contru (departamento que fiscaliza os imóveis).
Segundo Venturelli, a catedral da Sé não possui rota de fuga sinalizada, iluminação de emergência, portas que abram a favor do fluxo, gerador de emergência, extintores em número suficiente e hidrantes. "É um caso crônico", disse Venturelli. Apesar disso, não existe processo dentro do Contru apontando as irregularidades da igreja.
O pároco da Sé (responsável pela igreja), Dagoberto Boim, reagiu indignado à notícia da interdição e à possibilidade de ter que suspender os cultos. "Tumulto quem causa é o governo, que não dá condições de vida para a população da Sé. Aqui nunca houve tumulto, só na época da ditadura. O Contru deveria é acabar com as pombas da praça da Sé, isso sim."
O pároco disse também que a única coisa que falta na igreja são extintores e lembrou que, em caso de qualquer problema, existe uma unidade do Corpo de Bombeiros "bem ao lado da catedral".
O monsenhor Arnaldo Beltrami, vigário de comunicação da Cúria Metropolitana, agradeceu a "chamada de atenção que a prefeitura está fazendo" e afirmou que vão ser tomadas todas as providências para adequar a catedral às normas de segurança. "A prefeitura não vai ser tão irracional com a Igreja Católica ao ponto de lacrar as portas", disse Beltrami.

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