São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 1995
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Importações crescem; preços caem

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Importadores de bebidas e alimentos estão encomendando até 30% mais produtos para o Natal deste ano que no de 1994.
Para garantir esse aumento de vendas, os empresários estão mais cuidadosos na escolha de mercadorias.
Produtos mais baratos, destinados ao consumidor de menor renda, ganham a preferência dos importadores nas listas de compras.
Devido à maior diversificação, alimentos e bebidas vão chegar ao consumidor em média 15% mais baratos neste final de ano em relação a 94.
A previsão é de Carlo Barbieri, presidente da Associação Brasileira das Empresas Trading, que reúne 110 companhias do setor.
Ele diz que o consumidor deve encontrar, nas lojas, vinhos australianos e até da África do Sul.
A importadora Expand, por exemplo, que encomendou para este final de ano volume 30% maior de produtos, está trazendo vinhos de Portugal e do Chile, porque os preços são menores.
"Estamos importando vinho português que custa a metade dos concorrentes europeus", diz Elídio Lopes, diretor da empresa.
Com isso, a importadora quer atingir um público maior, de menor renda, e ganhar no volume.
"Nosso público era só a classe média alta e os ricos. Agora abrimos o leque para classe média média", afirma.
No Natal de 94, diz Lopes, por menos de R$ 200 o cliente não levava para casa um estojo de bebida importada. Para este ano, o preço mínimo das embalagens fechadas caiu para R$ 80.
No mês que vem, desembarca a maior parte dos alimentos e das bebidas que a importadora encomendou no exterior para abastecer cerca de 3.000 clientes, entre atacadistas e grandes supermercados.
Também em outubro começa a chegar, na rede de supermercados Sendas, importados para o final de ano.
Nelson Sendas, gerente de compras do grupo, diz que encomendou um volume 15% maior de bebidas e alimentos.
Em 94, as importações de novembro e dezembro do grupo somaram US$ 12 milhões.
Neste ano, diz Sendas, a empresa está mais atenta às oportunidades de compra, para oferecer preços mais competitivos.
É exatamente a maior competitividade dos importados em relação ao nacionais que fez a importadora Premier Foodrink, especializada em bebidas, trabalhar com volume de compras de 10% a 15% maior para este Natal em relação ao mesmo período de 94.
Ricardo Nassar Antonio, diretor de marketing da empresa, que abastece 2.500 supermercados no país, diz que o varejo está ampliando a fatia dos importados porque o consumidor já consegue avaliar melhor a relação preço e qualidade em relação ao produto nacional.
"Entre uma garrafa de vinho nacional, que custa R$ 13, e outra, de vinho argentino, que sai por R$ 17, o cliente hoje paga a diferença e leva o importado de melhor qualidade", diz Nassar.
Segundo ele, a diferença de preço entre os nacionais e os importados está cada vez menor.
Fatia da concorrência
Jorge da Conceição Lopes, sócio da Casa Santa Luzia, importadora de bebidas e alimentos, também aposta no crescimento de vendas para o Natal.
"Fechei um volume de encomendas 10% maior em relação ao do ano passado, mas já estou arrependido", diz o empresário.
Ele diz que, se fosse fazer os pedidos agora, compraria 15% mais. Motivo: deve-se apostar mais no crescimento do mercado quando os outros comerciantes estão se retraindo.
O objetivo, explica, é avançar na fatia da concorrência.
Uma possível retração nas vendas -devido a altos índices de inadimplência (atraso no pagamento) registrados até agora- não faz o empresário reduzir a expectativa de venda.
Na opinião de Lopes, a maior predisposição do consumidor às compras no último trimestre do ano supera qualquer dificuldade do comércio.
Com o pagamento da primeira parcela do 13º salário em novembro, diz ele, o consumidor se anima a comprar e acaba confirmando as projeções de vendas.

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