São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 1995
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CNBB defende invasões 'não-violentas'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente interino da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Jaime Chemmello, disse que "em alguns casos as invasões de terras são justas".
São justas, em sua opinião, as invasões não-violentas, feitas por pessoas que não têm o que comer.
Os invasores, disse, são pessoas que não têm dinheiro, não têm comida e vivem das promessas.
"O governo sempre promete milhares de assentamentos, cria grande expectativa e nunca cumpre, gerando uma grande tensão", afirmou.
"A reforma agrária está muito lenta, e as invasões são a única forma de essas pessoas se fazerem ouvir", afirmou.
O líder religioso disse que as invasões podem não ser legais, "mas o coração não nos permite falar o contrário".
Para ele, a política do governo não está levando em conta que a reforma agrária é uma forma de produzir alimentos e "dar comida para o povo brasileiro".
A CNBB afirmou que a CPT (Comissão Pastoral da Terra) não incentiva as invasões. Segundo os bispos, a entidade desempenha um papel pacificador.
Os bispos, reunidos nesta semana em Brasília para seu encontro mensal, criticaram a política de reforma agrária do governo.
No documento "Elementos para discutir a conjuntura nacional", datado de setembro e que circula entre os bispos, a CNBB diz que "falta vontade política para enfrentar os problemas do campo".
Chemmello disse ainda que sem a reforma agrária será praticamente impossível ao Brasil atingir o desenvolvimento econômico.
Testes nucleares
A CNBB deverá apoiar os bispos franceses com uma carta de protesto contra os testes nucleares no atol de Mururoa.
"Eles só fazem essas explosões aqui no Hemisfério Sul. Se é tão seguro como dizem, deveriam fazer os testes no Canal da Mancha", disse Chemmello (o canal fica entre a França e a Inglaterra).

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