São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 1995
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Atentado fere advogado do presidente da Colômbia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O advogado colombiano Antonio José Cancino ficou ferido ontem em um atentado contra o seu carro, em Bogotá (capital). Dois de seus guarda-costas morreram.
Cancino defende o presidente colombiano, Ernesto Samper Pizano, das acusações de que traficantes do cartel de Cali teriam doado US$ 6 milhões para a sua campanha presidencial do ano passado.
O atentado aconteceu um dia depois de Samper depor por sete horas ao presidente da CPI (comissão parlamentar de inquérito) que investiga as denúncias.
Cancino acompanhou o depoimento do presidente colombiano. O ataque agravou ainda mais o clima de tensão existente no país.
Segundo testemunhas, três homens abriram fogo contra o automóvel do advogado, uma Mercedes Benz, atingindo Cancino na mão e no braço direitos.
Os atiradores estariam armados de metralhadoras e fuzis. Os guarda-costas mortos estavam em um jipe, logo atrás do carro de Cancino. Na ação, o motorista do advogado também ficou ferido.
A ação ocorreu às 6h55 (8h55 de Brasília). Segundo a agência de notícias "'France Presse", Cancino foi atingido próximo à Universidade Externado da Colômbia, onde dá aulas de direito.
A "Reuter" disse que o carro do advogado foi baleado minutos depois de ele deixar seu filho na escola, no centro de Bogotá.
Segundo Rosso José Serrano, chefe da polícia colombiana, os ferimentos de Cancino "não são graves". O advogado foi levado para o Hospital Militar, onde deve permanecer internado por mais alguns dias.
A polícia lançou uma caçada área e terrestre para achar os três atiradores. "Dois sujeitos desceram de uma picape branca e atacaram o carro do advogado com metralhadoras", disse uma testemunha não-identificada.
Segundo ela, o terceiro pistoleiro estava em uma moto. A picape branca foi localizada a uma quadra do local do atentado.
"São profissionais que sabiam o que estavam fazendo", afirmou o policial Luis Ernesto Gilibet. "O atentado prova a conspiração nacional e internacional interessada em derrubar Samper", disse o ministro do Interior, Horácio Serpa.
Uma hora após o ataque, um membro do até então desconhecido Movimento pela Dignidade da Colômbia ligou para a rádio RCN e assumiu a autoria do atentado.
"O que nós queremos é a renúncia de Samper", disse um integrante do grupo em ligação anônima. Segundo ele, o MDCP é uma organização terrorista.
O grupo, de acordo com a RCN, prometeu efetuar novos atentados. A veracidade da ligação ainda não havia sido confirmada pela polícia de Bogotá.
Cancino já havia recebido ameaças de morte por defender o presidente no "narcoescândalo".

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