São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lençóis abrigou vice-consulado francês

SERGIO AMARAL
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O povoamento inicial de Lençóis aconteceu em 1844, às margens do riacho São João, um afluente do rio Santo Antônio.
Os primeiros garimpeiros instalaram-se em tocas, grutas e em casas cobertas de palha com capim de serra.
As habitações com parede e cobertura de pano branco de algodão grosso (utilizados nas vestes de garimpeiros) são uma das prováveis razões da origem do nome da cidade, pois, à distância, pareciam-se como lençóis estendidos.
Não demorou muito para que as modestas habitações transformassem-se em luxuosas residências, possuindo em seu interior muitos objetos importados da Europa.
Até um vice-consulado francês foi ali instalado para intermediar a venda de diamantes com compradores europeus, o que mostra a importância que a cidade adquiriu no cenário internacional.
Em 1856, Lençóis tinha o status de vila, chamada de "Comercial Vila de Lençóis", emancipando-se em 1864. Muitas das construções são desse período e algumas permanecem quase inalteradas.
Andando pelas ruas estreitas você vê sobrados com suas portas altas, algumas em forma de ogiva, e com a parte superior curva. Muitos desses sobrados estão hoje ocupados por bares, restaurantes ou lojinhas de artesanato.
Algumas pousadas formam uma outra paisagem. É curioso ver a fumaça sendo expelida pelas chaminés encravadas nos telhados antigos dessas habitações modestas.
Além desse casario, destaca-se a igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída na segunda metade do século passado e que foi bastante alterada pela reforma que sofreu na década de 50.
É uma igreja de arquitetura simples, o forro da nave não apresenta pinturas a exemplo de outras igrejas da Bahia ou de Minas Gerais.
Ao lado dela está instalado o Afrânio Peixoto, o museu histórico da cidade, que leva o nome de um de seus filhos ilustres.
O rio Lençóis corre em declive acentuado sobre um leito de pedras. Com seu plano inclinado, dá a impressão, visto de longe, de panos brancos, outra versão para a origem do nome da cidade.
A ponte sobre o rio Lençóis foi construída por escravos e está na entrada da cidade. Após atravessá-la, chega-se ao Mercado Público Municipal, ocupado por bares e restaurantes que servem os pratos típicos da região.
O casario histórico fica na praça Coronel Horácio de Matos, praticamente às margens do rio Lençóis. O vice-consulado francês situa-se nessa praça.
Outro imóvel que merece ser apreciado é o prédio da prefeitura, em seu interior estão expostas fotografias antigas da cidade.
Distante apenas 1 km da cidade está o Salão de Areias, formado por uma rocha arenosa que se decompõe facilmente, propiciando 36 cores diferentes. Os artesãos locais, vendem garrafinhas com desenhos feitos a partir dessa areia.
O Serrano, a 1 km, foi um antigo garimpo. Possui crateras propícias para banhos. Ele é utilizado pelas lavadeiras da cidade, o que constitui um espetáculo a parte.
O Ribeirão do Meio, a 4 km da cidade, é uma corredeira sobre lajes de pedra escorregadia que se transforma num tobogã natural com uma piscina no final.
Na trilha que leva à cachoeira do Sossego encontram-se modestas casas de garimpeiros. A cachoeira localiza-se num cânion formado pelo rio Ribeirão.
No caminho, que muitas vezes beira o precipício, há muitas flores da região e avistam-se as cristas de picos da serra.
São ainda muitos os locais que Lençóis oferece, como a cachoeira da Primavera, a 3 km, e o rio Mucujezinho, distante 4 km do centro, que corre sobre lajes de pedra formando tobogãs e crateras como o poço do Diabo.

Texto Anterior: Palmeiras é mistura de paisagem lunar e arco-íris
Próximo Texto: Mucujê atrai com história
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.