São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 1995 |
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Lençóis abrigou vice-consulado francês
SERGIO AMARAL
Os primeiros garimpeiros instalaram-se em tocas, grutas e em casas cobertas de palha com capim de serra. As habitações com parede e cobertura de pano branco de algodão grosso (utilizados nas vestes de garimpeiros) são uma das prováveis razões da origem do nome da cidade, pois, à distância, pareciam-se como lençóis estendidos. Não demorou muito para que as modestas habitações transformassem-se em luxuosas residências, possuindo em seu interior muitos objetos importados da Europa. Até um vice-consulado francês foi ali instalado para intermediar a venda de diamantes com compradores europeus, o que mostra a importância que a cidade adquiriu no cenário internacional. Em 1856, Lençóis tinha o status de vila, chamada de "Comercial Vila de Lençóis", emancipando-se em 1864. Muitas das construções são desse período e algumas permanecem quase inalteradas. Andando pelas ruas estreitas você vê sobrados com suas portas altas, algumas em forma de ogiva, e com a parte superior curva. Muitos desses sobrados estão hoje ocupados por bares, restaurantes ou lojinhas de artesanato. Algumas pousadas formam uma outra paisagem. É curioso ver a fumaça sendo expelida pelas chaminés encravadas nos telhados antigos dessas habitações modestas. Além desse casario, destaca-se a igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída na segunda metade do século passado e que foi bastante alterada pela reforma que sofreu na década de 50. É uma igreja de arquitetura simples, o forro da nave não apresenta pinturas a exemplo de outras igrejas da Bahia ou de Minas Gerais. Ao lado dela está instalado o Afrânio Peixoto, o museu histórico da cidade, que leva o nome de um de seus filhos ilustres. O rio Lençóis corre em declive acentuado sobre um leito de pedras. Com seu plano inclinado, dá a impressão, visto de longe, de panos brancos, outra versão para a origem do nome da cidade. A ponte sobre o rio Lençóis foi construída por escravos e está na entrada da cidade. Após atravessá-la, chega-se ao Mercado Público Municipal, ocupado por bares e restaurantes que servem os pratos típicos da região. O casario histórico fica na praça Coronel Horácio de Matos, praticamente às margens do rio Lençóis. O vice-consulado francês situa-se nessa praça. Outro imóvel que merece ser apreciado é o prédio da prefeitura, em seu interior estão expostas fotografias antigas da cidade. Distante apenas 1 km da cidade está o Salão de Areias, formado por uma rocha arenosa que se decompõe facilmente, propiciando 36 cores diferentes. Os artesãos locais, vendem garrafinhas com desenhos feitos a partir dessa areia. O Serrano, a 1 km, foi um antigo garimpo. Possui crateras propícias para banhos. Ele é utilizado pelas lavadeiras da cidade, o que constitui um espetáculo a parte. O Ribeirão do Meio, a 4 km da cidade, é uma corredeira sobre lajes de pedra escorregadia que se transforma num tobogã natural com uma piscina no final. Na trilha que leva à cachoeira do Sossego encontram-se modestas casas de garimpeiros. A cachoeira localiza-se num cânion formado pelo rio Ribeirão. No caminho, que muitas vezes beira o precipício, há muitas flores da região e avistam-se as cristas de picos da serra. São ainda muitos os locais que Lençóis oferece, como a cachoeira da Primavera, a 3 km, e o rio Mucujezinho, distante 4 km do centro, que corre sobre lajes de pedra formando tobogãs e crateras como o poço do Diabo. Texto Anterior: Palmeiras é mistura de paisagem lunar e arco-íris Próximo Texto: Mucujê atrai com história Índice |
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