São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 1995
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Caribe se abre a descobridor que foge de excursão

BARBARA GANCIA
DA ENVIADA ESPECIAL AO CARIBE

Se você não for ovelha, que só sabe andar em bando, a melhor coisa a fazer durante um cruzeiro pelo Caribe é evitar as excursões.
Veja: ao aportar em Antígua, primeira ilha no itinerário do cruzeiro a bordo do Seawind Crown, me dirigi à mocinha do balcão de informações (esse tipo de serviço existe em todas as ilhas, sempre perto do porto) e indaguei, curto e grosso: "Diga-me em que praia eu posso ir correr e gritar nua".
Fui prontamente atendida: "Sei exatamente o que a senhora está procurando. Ela me indicou um lugar que impressionaria até Netuno, chamado Hawksbill Hotel and Beach.
Por US$ 24, o táxi, dirigido pelo simpático Warren, me levou até lá e me buscou pontualmente no horário combinado.
Hawksbill é uma praia particular, com um hotel maravilhoso em estilo inglês, que só é ligeiramente ofuscado pela quantidade de italianos que também foram até lá correr e gritar nus -modo de dizer, é claro.
Guadalupe
Cuidado com Guadalupe. Segunda ilha no roteiro do Seawind Crown, de colonização francesa, Guadalupe é cara, caríssima.
Comer e se locomover na ilha custa mais do que em Paris. E os garçons e motoristas de táxi são tão mal-educados quanto os parisienses. Para percorrer cerca de 25 km até a bela praia de Sainte Anne, o táxi cobrou a pequena fortuna de US$ 60.
As águas de Guadalupe são razoavelmente claras, mas, sem um belo par de óculos de esqui, tipo Vuarnet, você não se sentirá realmente naquele Caribe turquesa dos sonhos.
Evite as barraquinhas de churrasco na beira da praia. Caso contrário, você corre o risco de constatar que a vingança de Montezuma não é privilégio mexicano.
Barbados
A próxima parada do navio foi a melhor da viagem: Barbados. Loucos por futebol brasileiro, os barbadianos conhecem tudo sobre a vida íntima do Zinho, sabem o escore de todos os jogos do Brasil na Copa e até recitam a escalação do Flamengo.
Meu motorista de táxi, apropriadamente chamado de Emerson (em homenagem ao Waldo, não ao piloto), deu um só "look" no meu jeitão e recomendou imediatamente me levar a um local na praia de Paynes Bay, chamado, imagine só, Bombas.
Trata-se de um boteco comandado pelo rastafariano Ben, que serviu a mim e a minha cara-metade uma deliciosa e farta refeição "cajun" por módicos US$ 42.
Em seguida, Emerson nos levou para um tour da ilha. Repleta de casarões de milionários britânicos e, segundo Emerson, recordista caribenha em matéria de escolas e igrejas, Barbados é a terra natal do famoso rum Mount Gay.
Você adivinhou, ó leitor sapeca: o dia foi encerrado em glória, com um convite de Emerson para degustar Mount Gay na forma de cubas-imperialistas (aquele drinque, lembra, que no passado já foi mundialmente conhecido como cuba-libre).
Curaçao
Dia seguinte, aportamos em Curaçao, ilha de ocupação holandesa com casinhas ao estilo de Amsterdã, onde há uma cópia falsa do Hard Rock Café.
E, como é sempre bom desconfiar de qualquer lugar turístico onde exista um plágio do Hard Rock Café, tirei o dia para ir mergulhar com a excursão da turma do navio.
Tudo bem, confesso: existe um quê de ovelha em qualquer turista acidental.

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