São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 1995
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MST prepara novas invasões no Pontal

Fazendeiros se dizem 'em pânico'

PAULO FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL A PONTAL DO PARANAPANEMA

Os sem-terra vão continuar invadindo e ocupando fazendas na região do Pontal do Paranapanema, no oeste de São Paulo. Eles também prometem não aceitar passivamente uma eventual decretação de prisão preventiva de 14 de seus líderes.
As afirmações foram feitas ontem à tarde pelo líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) José Rainha Júnior, 35, durante assembléia realizada no acampamento 1º de Abril, uma das áreas invadidas no município de Mirante do Paranapanema.
As lideranças dos sem-terra fazem uma série de reuniões de hoje até domingo para estabelecer a estratégia a ser usada nas próximas invasões, que podem começar já na próxima semana.
Uma nova assembléia está marcada para domingo à tarde. Nela deverão ser definidas as datas das ocupações. Os locais a serem invadidos serão mantidos em sigilo.
As fazendas Alvorada, Marco 2 e Washington Luís, porém, são consideradas alvos certos para ocupação. Por terem até 500 hectares, foram deixadas de fora do acordo proposto anteontem pelo governo de São Paulo.
Segundo Rainha, o acordo proposto "representa um grande avanço, mas não resolve o problema imediato dos sem-terra". Para ele, a área destinada é insuficiente.
Outro problema que pode emperrar o acordo seria uma eventual decretação da prisão preventiva de 14 líderes dos sem-terra. A juíza Catarina Estimo, de Mirante do Paranapanema, deve se manifestar hoje a respeito dos pedidos de prisão.
"Se as prisões forem decretadas, os acordos ficam automaticamente anulados", diz Rainha.
O presidente do Sindicato Rural de Presidente Prudente, Sigeyuki Ishii, disse ontem que o acordo estaria "levando o pânico" a todos os fazendeiros da região, pois a proposta do governo engloba 52 municípios.
"O problema está localizado apenas na região do Pontal. É um absurdo colocar todos os fazendeiros dos outros municípios, que não têm nada a ver com o problema, na mesma situação de insegurança", diz.

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