São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 1995
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MIS 'expõe' baldes e fios elétricos enquanto tenta combater cupins

DANIELA ROCHA
DA REDAÇÃO

O MIS (Museu da Imagem e do Som) está aberto, mas funciona em condições precárias. A sala principal de exposições, no segundo andar, tem em exibição permanente dois baldes para resolver o problema de goteiras.
A fiação aparente da sala não é tida como prioridade, se contar que cupins atacam o acervo de livros e a maior coleção pública de rádios, TVs e pianolas antigos, segundo a museóloga responsável pelos equipamentos, Alda Ribeiro.
Até partituras de organolas têm cupins, além de um toca-discos Victor americano, da década de 20, e um televisor alemão Muntz, da década de 50.
Os 89 mil negativos fotográficos do acervo do MIS estão em estado de deterioração. Entre eles, 300 mil fotos de Chico Albuquerque, com a arquitetura de São Paulo entre 1947 e 1975.
"Essa é a situação de todos os museus de São Paulo, não temos dinheiro, depende da criatividade para resolver os problemas", diz Fernando Faro, diretor do MIS.
A Pinacoteca do Estado é outro centro de referência cultural em São Paulo atacado pela praga do abandono. Apesar de receber alguma atenção para exibir Rodin e possivelmente Miró, ainda tem problemas estruturais.
Teto com vidro quebrado e reforma por terminar no segundo andar são itens menores. A vista lateral de quem entra no prédio, entre o museu e o parque Jardim da Luz, é de entulho a céu aberto.
As oficinas culturais, outra referência da cultura no Estado, passam pela mesma crise. Neste ano, foram desativadas duas delas, uma no bairro Água Fria, outra em Capela do Socorro.
Fora da cidade de São Paulo, a Cândido Portinari, de Ribeirão Preto, foi despejada por falta de pagamento de aluguel. Todos os seus equipamentos acabaram temporariamente em um depósito.
Na Capela do Socorro, a maior oficina desativada, a frequência média era de 700 pessoas por mês nas cerca de 20 atividades oferecidas, segundo seu último coordenador, o sociólogo Caio Magri.
A Oficina Oswald de Andrade, no bairro do Bom Retiro, que é tida como expoente entre as oficinas culturais, continua funcionando, mas precariamente, com problemas estruturais graves, apesar de ter mais de 2.500 frequentadores.
Um exemplo disso é o teto de madeira que está caindo em uma das salas do segundo andar, destinada anteriormente a aulas de música. Parte do teto já desabou e tijolos caíram do forro. Esse problema existe desde julho de 1994.
Os banheiros para alunos no prédio principal estão interditados por entupimento. Quem precisa, vai até o banheiro do terceiro andar do prédio anexo, que está com o elevador quebrado.
Sem contar a falta de afinação nos pianos, o abandono das áreas de camarins, com poças d'água, a infiltração que corrói o teto em alguns pontos do prédio e a subutilização de várias salas, que são usadas como depósito de entulhos.
A coordenadora da Oswald de Andrade, Inajá Beviláqua, que está na oficina há um mês, afirma que os recursos estão entrando e que a oficina está melhorando. "Estamos fazendo as reformas possíveis, arrumamos a parte elétrica e o encanamento, mas o processo é lento porque depende de licitação." Ela diz que até o começo de 96 pretende arrumar as pendências, como reforma dos banheiros e a infiltração no teto.

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