São Paulo, sábado, 30 de setembro de 1995
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Filme latino dá vexame

INÁCIO ARAUJO
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO

"Nós, latino-americanos, somos vizinhos, mas não nos conhecemos", diz o simpático diretor venezuelano José Novoa. A verdade é que, a se basear em "Sicário", único filme latino-americano em competição -exibido quinta-feira no 8º Festival Internacional de Cinema de Tóquio-, mais vale mesmo que não nos conheçamos.
"Sicário" se apresenta como um "Pixote" venezuelano. Mesmo para quem não é fã do filme de Hector Babenco, é um acinte. A história se passa na Colômbia, é ingenuamente (ou não) demagógica e acompanha a trajetória de Jairo, garoto pobre que se torna pistoleiro de aluguel. "Sicário" é um desastre. Vê-lo em outro lugar que não a América Latina expõe nossas deficiências por inteiro.
Na seção "Jovem Cinema", também competitiva, a Suécia entrou com "Cry" (Grito), de Daniel Fridell. É um "Romeu e Julieta" moderno em que Adam, jovem sueco niilista, cai de amores pela cucaracha Julia. Em torno deles, há duas gangues. Uma, de neonazistas suecos (amigos de Adam), outra de latino-americanos (parentes de Julia). A história é mais forte que o filme, muito calcado em "West Side Story" de Wise. Mas há uma leveza e um frescor de olhar (talvez pelo fato de Fridell ter apenas 28 anos) que compensam a falta de originalidade.

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