São Paulo, segunda-feira, 1 de janeiro de 1996
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Um bate-papo com Alberto Helena Jr.

NANDO REIS; MARCELO FROMER
ESPECIAL PARA A FOLHA

As férias do futebol só fazem bem mesmo a jogadores e seus familiares, pois cronistas e analistas ficam sem o alimento, sem o assunto principal: o jogo de futebol. Mas férias são importantes, principalmente quando os atletas são vítimas de um calendário tão vampiresco.
E, já que a bola está assim, meio de escanteio, como que descansando, é chegada a hora de tocarmos em mais um vespeiro, repleto de grandes e peludos marimbondos. As tais das medidas para diminuir o número de faltas em campo.
Neste mesmo diário, neste caderno, outro dia o absoluto Helena Júnior foi incisivo ao concluir em mais uma de suas colunas "vertebrais" que desatentos ou maldosos são aqueles que discordam da punição com o tiro direto livre da entrada da área ao time que ultrapassar o limite de dez faltas coletivas em uma única partida.
Talvez incluídos na categoria dos desatentos, modestamente pedimos licença ao mestre para discordar. Dada a urgência do tema nos arriscamos, aqui, a apresentar nossa teoria de "gafanhotos".
Em primeiro lugar discordamos que o critério para a punição seja a falta coletiva. Acreditamos que deva recair sobre o atleta o peso do castigo, que se deva identificar o agressor. Em segundo lugar, acreditamos que adotar o tiro livre e direto como a pena do infrator descaracterizará o espírito do jogo.
Ainda insistimos que o grande problema reside na frouxidão das arbitragens, que criaram uma cultura da condescendência, e consequentemente uma legião de atletas sem escrúpulo para a violência.
Basta ver que, durante a Copa de 94, com o artifício "desinibidor" de distribuir o segundo cartão amarelo que automaticamente significaria o vermelho, os árbitros puderam encontrar um "atalho" que os permitiu agir com maior rigor. Ou seja, tirou do juiz o "constrangimento" de aplicar a lei com o rigor devido, mal comum em nossos árbitros que muitas vezes "amarelam" na hora de sacar do bolso o cartão fatal.
Eis nossa sugestão:
Como precisamos limitar o número de faltas, sugerimos que cada jogador individualmente "possa" cometer no máximo duas faltas. Na terceira seria eliminado. Isso não impediria que um árbitro resolvesse expulsar um atleta logo na primeira entrada, se essa fosse violenta.
Isto significa que teríamos o limite máximo de 28 faltas por equipe: dez atletas que iniciaram a partida, mais duas substituições (não estamos contando com o "pênalti" que seria a falta do goleiro), cada um deles cometendo o número máximo de faltas, mais quatro desses atletas que ainda fariam a terceira falta antes de serem expulsos.
É uma medida severa, mas que eliminaria a violência do gramado. O que você acha Alberto? Entre desatentos e maldosos, nos incluímos apenas na categoria dos preocupados.
Um abraço... e feliz Ano Novo!

Marcelo Fromer e Nando Reis são músicos e integrantes da banda Titãs

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