São Paulo, segunda-feira, 1 de janeiro de 1996
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Nova geração profissionaliza chorinho

SYLVIA COLOMBO
DA REDAÇÃO

Tem gente "chorando" até no Egito. O músico Ahmed El Salamoni acaba de gravar e lançar um CD só com composições do gênero. O país das pirâmides é só o meio da rota mundial do choro, que vem sendo cultivada desde os anos 80 e amplia-se nesta década com o investimento de músicos brasileiros para divulgar seu trabalho lá fora.
O Japão tem organizado festivais e requisitado conjuntos brasileiros para tocarem e venderem lá. Enquanto isso, alguns países europeus tentam redistribuir discos de chorinho. Em março de 96, num festival promovido em Israel, o projeto Tom Brasil levará instrumentistas brasileiros para tocar e entre eles alguns chorões.
Se as primeiras gerações dos nossos chorões não saíam do botequim da esquina e das rodas de choro do subúrbio, uma nova guarda começa a se profissionalizar e a namorar com mercados de retorno financeiro mais garantido.
André Geraissati, produtor musical do projeto Tom Brasil, é um dos interessados em levar a música instrumental brasileira para o exterior. "Chorinho é uma paixão de muitos japoneses." Tanto é verdade que um grupo de músicos japoneses criou o Choro Club, conjunto que se especializa no gênero.
A cara desta nova guarda vem sendo formulada desde os anos 80, quando Radamés Gnatalli (1904-1988) começou experimentos para libertar o estilo do formato tradicional. A década de 90 traz resultados mais amadurecidos deste processo. Os novos chorões inovam arranjos e aproximam o gênero da música pop, trocando um pouco a espontaneidade pelo estudo, mas continuando fiel a seus ícones. Jacob do Bandolim (1918-1969) e Pixinguinha (1898-1973) fazem parte do seu repertório e a maioria das experimentações partem de estruturas criadas por eles.
O chorinho garante espaço cativo em bares e pequenos clubes. Tem ganhado espaço também no circuito universitário e alternativo, participando de festivais e projetos de música na rua.

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sobre chorinho na página 5-4

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