São Paulo, segunda-feira, 1 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Page promete tocar antigos hits

LUIZ ANTÔNIO RYFF
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Fãs do Led Zeppelin podem começar a se alegrar. O ex-guitarrista da banda, Jimmy Page, 51, promete que os shows que ele fará no Brasil com o vocalista Robert Plant vão privilegiar o repertório do antigo grupo.
Estão previstas "Whole Lotta Love", "Dancin' Days", "Kashmir", "Heartbreaker", "Going To California", "The Song Remains the Same" e "Four Sticks", entre outras. "Stairway to Heaven", contudo, nem pensar.
A dupla Page-Plant é a principal atração do Hollywood Rock 96. Eles se apresentam no dia 20, em São Paulo, e 27, no Rio.
Embora seja a terceira vez que Page vem ao Brasil, será a primeira vez que o guitarrista tocará aqui -Plant participou da edição de 94 do festival.
Page promete tocar mais de duas horas, com a participação de um grupo musical egípcio e com parte da Orquestra Sinfônica Brasileira.
"Não é por ter uma orquestra que estamos mais leves, o som continua intenso. Ainda é rock'n'roll", alerta.
Ele explica que o repertório muda a cada show, e que as músicas do Led Zeppelin serão apresentadas com novos arranjos.
O show apresentado no Brasil será baseado no disco "No Quarter - Jimmy Page e Robert Plant Unledded", que juntou os dois novamente, em 94, e foi bem recebido pela crítica.
Abstêmio
Antes de começar a entrevista Page pede um refrigerante diet. Mais tarde, ele revela que abandonou o álcool.
Ele afirma que a reunião com Plant é para valer e que nenhum dos dois pensa em voltar à carreira solo. "A qualidade do nosso trabalho em conjunto é melhor do que o trabalho individual", avalia.
E revela que após a turnê de "No Quarter" -que já passou pelos EUA, Europa e México-, e de um breve período de férias, os dois se trancarão em um estúdio para fazer um novo disco com músicas inéditas.
Com o fim da banda, em 1980 -consequência da morte do baterista John Bonham-, os remanescentes do grupo se juntaram para tocar juntos duas vezes. Mas, com exceção de colaborações em discos solos uns dos outros, o álbum "No Quarter" foi o primeiro projeto conjunto.
O outro remanescente, o baixista John Paul Jones, ficou de fora da reunião.
"A gente tentou, durante anos, trabalhar com ele. Mas ele estava muito reticente em subir no palco e ver como a gente se daria", conta Page.
Sobra rancor entre as partes. O guitarrista conta que ficou ressentido com as críticas feitas pelo baixista à reunião dos antigos colegas. "Quando o projeto começou a andar, ele falou um monte de coisas negativas pela imprensa. Gostaria de trabalhar com ele, mas agora não", diz.
Page conta que, em compensação, com Plant nunca o relacionamento foi tão bom. Mas faz questão de afirmar que o trabalho da dupla não é uma reedição do Led Zeppelin.
Essa é outra das justificativas para a ausência do baixista John Paul Jones.
"O Led Zeppelin acabou. Se nós três estivéssemos juntos, as pessoas esperariam o Led Zeppelin. Não é isso que nós queríamos", diz ele, explicando que a existência da banda não faz sentido sem Bonham.
O respeito à memória do falecido membro é um dos motivos para ele criticar o lançamento de "novas" músicas dos Beatles.
"Muitas pessoas podem achar maravilhoso. Achei obsceno. Foi algo terrivelmente comercial."

O repórter LUIZ ANTÔNIO RYFF viajou a Salvador a convite da organização do festival

Texto Anterior: Pavarotti anuncia centro de musicoterapia bósnio; Cannes exibirá versão de 'Kamasutra' para cinema; Espanha compra legado do cineasta Luis Buñuel
Próximo Texto: Guitarrista pode morar no Brasil
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.