São Paulo, quarta-feira, 3 de janeiro de 1996
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Prefeitura acusa médicos de 'sabotagem'

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário municipal da Saúde, Roberto Paulo Richter, disse que os problemas do PAS (Plano de Atendimento à Saúde) se devem aos "sabotadores" que se opõem ao projeto. Richter divulgou uma nota oficial ontem.
O CRM (Conselho Regional de Medicina) e o Sindicato dos Médicos devem ser alvo de uma ação criminal do governo.
"Pode ser que o CRM invente um plano de saúde que não tenha doentes", disse Richter, referindo-se às críticas do conselho sobre o PAS.
Ele disse que o CRM está convocando os médicos que aderiram ao PAS para prestar esclarecimentos sobre "quebra de conduta ética". Richter considera essas convocações uma forma ilegítima de pressão.
"Como alguém pode ser acusado de ferir a ética por aderir a um plano de saúde? Então todos os médicos que trabalham para os planos privados ferem a ética", afirmou o secretário.
Ele disse que o eventual aumento do número de mortes em Pirituba se explicaria pelo crescimento da média de atendimentos no hospital, que, segundo ele, triplicou.
Richter afirma que antes do PAS eram atendidas 200 pessoas por dia no hospital de Pirituba. Anteontem e ontem, segundo o secretário, o número subiu para 650.
Na visão do secretário, a população está procurando o PAS porque acredita no projeto.
A nota da secretaria afirma que o PAS começou a funcionar "apesar dos bagunceiros" e da "sabotagem evidente".
"Pela primeira vez, o hospital municipal de Pirituba e os prontos-socorros da região de Pirituba-Perus trabalharam com equipes completas durante um feriado", diz o texto.
Segundo a nota, muitos médicos e profissionais não pertencentes ao PAS -"possivelmente insuflados pelos pelegos corporativistas"- faltaram ao plantão que se iniciou às 19h do dia 31. "Outros foram embora antes do final de seu plantão, deixando-o desguarnecido."
A nota da secretaria acusa representantes de entidades médicas de dificultar o trabalho, "enquanto os médicos responsáveis pelo PAS se desdobravam para cobrir a criminosa ausência de plantonistas".

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