São Paulo, quarta-feira, 3 de janeiro de 1996
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'Sete Mulheres' não desonra John Ford

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

A atração da madrugada da Globo hoje é o derradeiro John Ford: "Sete Mulheres" (1h10), último filme do diretor, realizado em meados dos anos 60.
O filme mostra a vida de missionárias cristãs na China dos anos 30. Uma situação que impele os seus destinos ao sacrifício causado pelo choque com a cultura local.
As particularidades de "Sete Mulheres", se comparados aos outros filmes de Ford, se iniciam pelo seu cenário e personagens.
Não estamos no "western" e nem na Irlanda, as terras míticas do diretor. Não há cavalos e cawboys, mas mulheres.
Essa é o primeiro estranhamento do filme, que deixa a impressão de que em seu final, Ford estava olhando o mundo do lado oposto ao que tinha se acostumado por décadas.
No lugar da bravura e da rudeza como essenciais ao ato da conquista, há um ar de delicadeza e apelo à razão, deixando a força em segundo plano.
Mas, uma das grandezas de Ford está justamente em fazer com que tudo que toque passe a ser imediatamente parte de seu imaginário.
Suas mulheres são como todos os personagens moldados por ele. Os mesmos seres deslocados e em atrito que sempre vemos em todos os seus outros filmes.
Muitas vezes considerado um dos mais fracos filmes do diretor- o que nos faz imaginar o que significa ser um "filme menor" de Ford- em nenhum momento "Sete Mulheres" se afasta do seus recorrentes temas, como a terra estrangeira que necessita de conquista.
Ainda que não seja um filme brilhante, é um filme de John Ford que em nenhum momento o desonra. E isso basta.

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