São Paulo, quarta-feira, 3 de janeiro de 1996
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MIS exibe obra completa de Giorgetti

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Museu da Imagem e do Som (MIS) apresenta de hoje a domingo um ciclo com os quatro longas-metragens e um curta do cineasta brasileiro Ugo Giorgetti.
O cineasta, que também é um respeitado diretor de comerciais, filma pouco e bem. Começou fazendo documentários sobre lugares paulistanos antes de estrear na ficção em 1985 com "Jogo Duro". Seu cinema nunca perdeu esse lastro de documento social.
Ao mesmo tempo, seus documentários demonstram um profundo senso narrativo e dramático.
"Quebrando a cara" (1986), documentário de longa-metragem sobre o pugilista Eder Jofre, é a demonstração disso.
Giorgetti estruturou o filme com base na árvore genealógica da família de Eder, toda ela envolvida no boxe: pai, irmãos, tios e até uma tia praticante de luta livre.
Os três longas de ficção de Giorgetti -"Jogo Duro", "Festa" (1988) e "Sábado" (1994)- têm em comum o fato de colocarem num único espaço personagens de várias categorias sociais.
Em "Jogo Duro", uma indigente e sua filha ocupam um casarão abandonado, no bairro chique do Pacaembu, e lá se confrontam com um vigia, um corretor de imóveis e uma série de outros tipos.
Em "Festa", três artistas populares -um jogador de sinuca, seu assistente e um músico- são chamados para animar uma festa de grã-finos, mas esperam a noite toda em vão num salão de jogos.
"Sábado", ainda em cartaz em algumas cidades brasileiras, encena o insólito encontro entre uma equipe de publicidade e a população miserável de um prédio decadente do centro paulistano, onde será filmado um comercial.
Curiosamente, um dos filmes mais antigos do ciclo, o curta "Rua São Bento, 405 - Prédio Martinelli" (1975), aborda o mesmo tema de "Sábado": a deterioração do centro de São Paulo.
Nos 20 anos que separam os dois filmes, Giorgetti manteve-se coerente com sua visada realista e um tanto cética, mas aperfeiçoou sua linguagem. Seus pontos fortes hoje, além da competência técnica e narrativa, são a construção de personagens críveis e o "ouvido" para a fala popular. Por isso seus filmes se parecem tanto com a vida.

Programação: "Quebrando a Cara" (hoje) e "Jogo Duro" (amanhã)
Onde: MIS (av. Europa, 158, tel. 852-9197). Sessões às 20h30

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